Olá,
Faz tempo que não posto mais nada por aqui. Mas felizmente uma amiga jornalista enviou um e-mail divulgando seu artigo e pedi permissão de publicá-lo.
Beijos.
Sociedade Brasileira de Diabetes
A mágica da Diabetes Gestacional
Durante o sétimo mês da sua primeira gestação, a atriz e produtora de teatro Mariana C. C., de 30 anos, descobriu que estava com diabetes gestacional através do exame de curva glicêmica. Ela revela que foi olhar o resultado deste exame na internet e se assustou ao constatar que sua glicemia estava alta e principalmente que isto poderia afetar diretamente a saúde do bebê.
A partir deste momento, percebeu que precisava buscar ajuda de especialistas, entre eles: endocrinologista, nutricionista e até mesmo um preparador físico que pudessem orientá-la nas mudanças de hábitos e a adaptação aos limites gerados pela doença.
O endocrinologista Alexandre Hohl, médico da Mariana pontua que é fundamental o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar pré, trans e pós-parto. Explica também que durante a gravidez ocorre uma avalanche de hormônios como a progesterona e o estrogênio que provocam um aumento da glicose. O risco de uma gestante adquirir a diabetes gestacional é em média 10%, por isso para prevenir é preciso ir a um médico para medir a taxa de glicemia, que segundo os organismos mundiais de saúde deve estar abaixo de 140 mg/dL, após duas horas da refeição.
Ressalta que a diabetes gestacional é diferente da pessoa que era diabética antes da gestação, ocorre principalmente em mulheres que já tenham uma pré- disposição familiar, que estejam acima de seu peso, além de já terem uma resistência à insulina antes da gravidez, pois é um fator que naturalmente piora durante a gestação. As complicações recorrentes da doença são aborto precoce, morte intra-uterina, má formação, entre outras.
A atriz de 1,65 de altura conta que se tivesse mais claro os riscos de ter diabetes na gestação teria tomado certas precauções antes mesmo de engravidar como, por exemplo, ter reduzido seu peso de 75 kg. As primeiras ações foram: cortar de imediato a fritura, o álcool, e o café, além do corte total de açucares, carboidrato branco e produtos industrializados; medidas que na verdade deveriam ser adotadas por todas as mulheres grávidas. No entanto, a dieta para uma gestante não é a mesma do que para uma pessoa comum, explica o endocrinologista, pois não é restritiva, mas sim prioriza uma nutrição adequada à mãe e ao bebê, que inclusive pode ser complementada com ácido fólico e poli-vitaminas.
Antes da gestação Mariana fazia natação de modo irregular, após a constatação da doença passou a intensificar a prática regular de exercícios físicos realizando duas sessões de pilates por semana e três de hidroginástica, o que gerou a uma redução de sua massa corpórea mesmo no final da gestação, quando a maioria das grávidas costuma ter um aumento significativo do peso. Além disso, a atividade física proporcionou maior disposição, fortalecimento muscular, diminuição da ansiedade e melhora na qualidade de sono.
As atividades físicas para uma gestante devem ser supervisionadas por profissionais especializados e devem beneficiar a mãe, sem colocar em risco o feto. Entre elas alongamento, pilates, ioga, hidroginástica, caminhadas leves em horários apropriados, basicamente atividades sem impacto no qual a mulher sinta prazer em realizar.
Outra adaptação extremamente importante na rotina da jovem foi um controle maior na sua alimentação, que começou a consumir alimentos sem açúcar, sem gordura e menos sal. Pontua que foi fundamental a ajuda da família na reestruturação de todas as refeições diárias para que estas se tornassem mais saudáveis, como por exemplo, a troca de todos os produtos de carboidrato branco por alimentos integrais, que contribuem para saciar melhor a fome.
A gestante ressalta que depois que se conhecem profundamente as necessidades e limitações da doença com relação ao aspecto da alimentação, ela descobriu que existe muitas opções de produtos para diabéticos como picolé, chocolates e tantos outros que ajudam a quebrar o galho quando o desejo de comer doce aperta.
Medir a glicemia durante as refeições também ajudou Mariana a desenvolver uma autonomia com a relação à diabetes gestacional, pois proporcionou o conhecimento de quais alimentos alteravam sua taxa glicêmica, além das quantidades para manter-la numa taxa adequada. A consulta ao nutricionista foi fundamental para aprender a quantidade e as possíveis combinações de alimentos, o que proporcionou uma maior adesão nestas mudanças de hábitos, além de uma melhora significativa na pele e na diminuição até mesmo da celulite.
Alexandre destaca que quando não funciona apenas a dieta agregada à atividade física é necessário iniciar o uso da insulina, adequado conforme a necessidade de cada paciente. Já existem tratamentos utilizando medicamentos orais na diabetes gestacional, mas que estes ainda não foram aprovados pelas agências reguladoras de saúde.
Mariana C. C. após o parto terá que manter esta disciplina pelo menos durante os três meses seguintes para não tornar-se definitivamente diabética. De todo modo, ela destaca que pretende manter estes bons hábitos aprendidos para toda sua vida. A consciência da mamãe fez com que seu bebê Raul nascesse saudável, com 50 cm e 3 kg e 300 gramas e sem diabetes - que era um dos riscos que ele corria.
Outro cuidado é que quando um filho nasce acima de 4 kg aumenta os riscos que na próxima gestação a mãe tenha novamente diabetes gestacional. Além disso, Hohl enfatiza a importância de um neonatologista que meça a glicemia do bebê nas primeiras horas pós-parto, e que também haja um controle para que não ocorra uma hipoglicemia no recém nascido.
Emocionada Mariana confessa que o fato de saber que o bebê estava envolvido com a doença fez com que ela se cuidasse bem mais do que se fosse apenas sua saúde em risco. Hohl acrescenta que está é a mágica da diabetes gestacional, pois as mães fazem de tudo pelo seu bebê, até mesmo sacrifícios para beneficiá-lo.
O endocrinologista pontua que uma diabetes gestacional bem cuidada, seguindo todas as recomendações não traz nenhuma consequência a mãe e seu bebê, mas sim pelo contrário, traz uma melhora substancial na qualidade de vida de ambos.
Carolina Coral é jornalista, faz mestrado em Estudos Culturais Latino Americanos na Universidade do Chile.
Conheça mais seus trabalhos: www.carolinacoral.com.br
Veja a matéria original no site da SBD www.diabetes.org.br