Olhem que interessante o artigo sobre o banho para prematuros. Vale para outros bebês também, sempre visando o respeito e cuidado que merecem.
Ah, este artigo foi gentilmente cedido pelo Dr Marcus Renato de Carvalho, do site aleitamento.com
Beijos e ótimos banhos!!!
O PREMATURO merece todo o nosso cuidado!
Banho humanizado garante prazer a prematuros
Ascom Santa Mônica
Pioneira na prática do banho humanizado em bebês prematuros, em Alagoas, a Maternidade Escola Santa Mônica (MESM), através dos profissionais, leva a experiência para outras maternidades públicas e privadas do Estado, com o objetivo de proporcionar o bem estar dos bebês.
Pesquisa desenvolvida pela equipe multidisciplinar da enfermaria Canguru constatou que o método proporciona melhor resposta adaptativa do recém-nascido de baixo peso ao ambiente, e ainda promove a organização dos sistemas motores e fisiológicos.
Segundo Fátima Mascarenhas, gerente do setor de terapia ocupacional da MESM, o Ministério da Saúde já preconiza o banho, mas ainda são poucas as unidades maternais que utilizam o método. “Nós implantamos o banho humanizado na enfermaria Canguru na tentativa de solucionar um problema diário de muito choro durante o horário do banho dos recém-nascidos, e deu muito certo”, disse.
Ela explicou que entre os objetivos do
método Canguru estão o aleitamento materno exclusivo, fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê e ganho de peso. Com o estresse e o choro do momento do banho os bebês comprometiam o ganho de peso. O banho humanizado, ao contrário, tornou-se um momento de prazer e relaxamento, contribuindo para o desenvolvimento sadio do recém-nascido.
A equipe da enfermaria Canguru já fez sensibilização, através de palestras e demonstração, em duas maternidades do município de Arapiraca e uma maternidade particular de Maceió. “O objetivo é difundir o método que foi implantado com sucesso na Santa Mônica. Além disso, nós envolvemos as mães, e estas, à medida que se sentem seguras, dão banho nos filhos e levam a prática para casa”, destacou a enfermeira Rita Aguiar.
O banho
O processo do Banho Humanizado é tranqüilo e admirável. Como os bebês são prematuros e estão abaixo do peso, o banho é realizado em dias alternados. Antes de iniciar o procedimento, no entanto, o primeiro passo é observar o estado do bebê. Ele não pode estar em sono profundo, com fome ou estressado (chorando).
“Isto é o que preconiza a intervenção da terapia ocupacional com recém-nascidos prematuros, respeitando o estado comportamental de cada um”, salienta Fátima Mascarenhas.
O segundo passo é preparar o bebê. Com tranqüilidade, toda a roupa deve ser tirada e o bebê é ‘envelopado’ – isso mesmo, ele é enrolado em formato de envelope até a altura do pescoço. Neste passo, as perninhas ficam flexionadas e os braços dobrados na altura da cintura.
Depois de enrolado o bebê é levado à banheira. A água deve estar a uma temperatura de 36,5º a 37º, o ar condicionado deve ser desligado, bem como todas as entradas de ar direcionadas à banheira devem ser cortadas e as luzes devem ser desligadas. “cada detalhe contribui para o sucesso do banho, e caso sejam ignorados pode acarretar estresse e comprometer o ganho de peso”, salienta a terapeuta ocupacional.
Todos os detalhes verificados, o bebê é colocado na banheira, de modo que o corpo fica submerso até o pescoço, evitando a perda de calor do corpo. Assim o banho é iniciado pelo rosto, sem sabão, com bolas de algodão - uma para cada área. Primeiramente os olhos e, na sequência, bochechas, as narinas e orelhas.
O pescoço, os membro superiores, tórax, costas e membros inferiores são ensaboados nessa ordem, e à medida que isso vai acontecendo, o pano vai sendo desenrolado aos poucos. A região genital é ensaboada, removendo o sabão com algodão.
Um detalhe muito importante, é que o banho mesmo sendo tranqüilizador não pode ser muito demorado, pois a temperatura da água vai se alterando com o passar do tempo.
“Tantos os profissionais quanto as mães percebem a evolução diária do bebê no método canguru e reconhecem a contribuição positiva do banho, momento que não enfrentamos mais o estresse dos recém-nascidos. Por tudo isso consideramos relevantes que outras maternidades utilizem essa prática”, finalizou Fátima.
Fonte: Wedja Santos/Ascom Santa Mônica
Autor: Alagoas 24h + Marcus Renato de Carvalho
Data: 18/8/2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Homens produzem mais hormônios com nascimento do filho, diz estudo
Olá,
Para quem pensa que os homens não passam por alterações hormonais com o nascimento de um filho, eis uma novidade: uma pesquisa mostra o contrário.
Ficou interessado ou interessada? Então leia abaixo o artigo que saiu originalmente no site aleitamento.com , que meu querido colega Marcus Renato de Carvalho autorizou para a publicação no blog.
Vejam como é importante a participação paterna no parto e no pós-parto. As mulheres agradecem !!!
Beijos.
Processo é semelhante ao que acontece com as mães, de acordo com nova pesquisa.
Uma pesquisa de uma universidade em Israel afirma que os homens, ao se tornarem pais, passam por um processo de aumento de produção de hormônios semelhantes ao das mulheres que viram mães.
Assim como acontece com as mulheres que se tornam mães, os pais também passam a produzir mais neuroquímicos que ajudam a torná-los mais afetuosos, o que auxilia no processo de paternidade.
OCITOCINA e PROLACTINA
Os hormônios ocitocina e prolactina são produzidos em maior quantidade na mulher do que nos homens devido a processos físicos, ligados à gravidez. A ocitocina ajuda as mulheres a fazerem as contrações durante o trabalho de parto. Já a prolactina ajuda na amamentação.
Cientistas acreditavam que os homens não produziam mais hormônios, por não estarem fisicamente envolvidos no parto da criança, mas a nova pesquisa indica que processo masculino é semelhante ao que acontece com as mães.
Tempo com os filhos
Os pesquisadores da universidade de Bar-Ilan, em Israel, analisaram os níveis hormonais de 43 pais, seis meses depois do nascimento de seus filhos.
Os homens também foram filmados na presença dos seus filhos, para que se avaliasse como cada um se adaptou ao novo papel de pai.
Os cientistas acharam um padrão entre o nível de hormônio e a habilidade dos pais de se relacionarem bem com seus bebês. Quanto mais hormônios cada homem produzia, melhores eram suas habilidades paternas, na hora de brincar e se comunicar com a criança.
"Esta parece ser uma forma que a evolução [das espécies] encontrou para ajudar a transformar os homens em bons pais assim que eles têm filhos", disse a pesquisadora Ruth Feldman, da universidade de Bar-Ilan, em Israel.
"Estes hormônios parecem ter um papel importante na forma como os homens se relacionam com seus filhos recém-nascidos."
A pesquisa foi publicada na revista científica Hormones and Behavior.
"É possível, na medida em que o contato com o filho aumenta diariamente, em par com o crescimento das habilidades sociais do filho entre os dois e seis meses de nascimento, que os níveis de prolactina e ocitocina se reorganizem, criando novas conexões", afirma o artigo publicado na revista.
Outro experimento realizado pelos cientistas com 80 casais revelou que o aumento do hormônio ocitocina aconteceu da mesma forma em homens e mulheres.
Agora, os cientistas buscam hipóteses para descobrir o que faz os homens produzirem mais hormônios, já que eles não dão à luz nem amamentam.
Para Feldman, o simples contato dos pais com os filhos pode ser a resposta.
"Isso ressalta a importância de se dar oportunidades de interação entre pais e filhos logo após o nascimento, para desencadear as mudanças no sistema neuro-hormonal."
BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Autor: Marcus Renato de Carvalho - BBC News
Data: 17/8/2010
Para quem pensa que os homens não passam por alterações hormonais com o nascimento de um filho, eis uma novidade: uma pesquisa mostra o contrário.
Ficou interessado ou interessada? Então leia abaixo o artigo que saiu originalmente no site aleitamento.com , que meu querido colega Marcus Renato de Carvalho autorizou para a publicação no blog.
Vejam como é importante a participação paterna no parto e no pós-parto. As mulheres agradecem !!!
Beijos.
Processo é semelhante ao que acontece com as mães, de acordo com nova pesquisa.
Uma pesquisa de uma universidade em Israel afirma que os homens, ao se tornarem pais, passam por um processo de aumento de produção de hormônios semelhantes ao das mulheres que viram mães.
Assim como acontece com as mulheres que se tornam mães, os pais também passam a produzir mais neuroquímicos que ajudam a torná-los mais afetuosos, o que auxilia no processo de paternidade.
OCITOCINA e PROLACTINA
Os hormônios ocitocina e prolactina são produzidos em maior quantidade na mulher do que nos homens devido a processos físicos, ligados à gravidez. A ocitocina ajuda as mulheres a fazerem as contrações durante o trabalho de parto. Já a prolactina ajuda na amamentação.
Cientistas acreditavam que os homens não produziam mais hormônios, por não estarem fisicamente envolvidos no parto da criança, mas a nova pesquisa indica que processo masculino é semelhante ao que acontece com as mães.
Tempo com os filhos
Os pesquisadores da universidade de Bar-Ilan, em Israel, analisaram os níveis hormonais de 43 pais, seis meses depois do nascimento de seus filhos.
Os homens também foram filmados na presença dos seus filhos, para que se avaliasse como cada um se adaptou ao novo papel de pai.
Os cientistas acharam um padrão entre o nível de hormônio e a habilidade dos pais de se relacionarem bem com seus bebês. Quanto mais hormônios cada homem produzia, melhores eram suas habilidades paternas, na hora de brincar e se comunicar com a criança.
"Esta parece ser uma forma que a evolução [das espécies] encontrou para ajudar a transformar os homens em bons pais assim que eles têm filhos", disse a pesquisadora Ruth Feldman, da universidade de Bar-Ilan, em Israel.
"Estes hormônios parecem ter um papel importante na forma como os homens se relacionam com seus filhos recém-nascidos."
A pesquisa foi publicada na revista científica Hormones and Behavior.
"É possível, na medida em que o contato com o filho aumenta diariamente, em par com o crescimento das habilidades sociais do filho entre os dois e seis meses de nascimento, que os níveis de prolactina e ocitocina se reorganizem, criando novas conexões", afirma o artigo publicado na revista.
Outro experimento realizado pelos cientistas com 80 casais revelou que o aumento do hormônio ocitocina aconteceu da mesma forma em homens e mulheres.
Agora, os cientistas buscam hipóteses para descobrir o que faz os homens produzirem mais hormônios, já que eles não dão à luz nem amamentam.
Para Feldman, o simples contato dos pais com os filhos pode ser a resposta.
"Isso ressalta a importância de se dar oportunidades de interação entre pais e filhos logo após o nascimento, para desencadear as mudanças no sistema neuro-hormonal."
BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Autor: Marcus Renato de Carvalho - BBC News
Data: 17/8/2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Sucesso Cinematerna em Florianópolis
Olá,
Hoje quero contar como foi a estreia do cinematerna: um sucesso!
Compareceram 116 adultos, sendo 4 grávidas e 83 bebês. Tinha bebê dormindo, chorando, caminhando engatinhando, trocando fraldas, mamando, tudo. Foi muito legal justamente por isso, quem é mãe ( e pai- que também se fizeram presentes, até um sozinho com seu bebê) está acostumada com os sons de choro e as inquietações dos pimpolhos e não se importa com esse tumulto num cinema. Imagina se fosse uma sessão comum? Ninguém poderia levantar, ir no trocador e ficar à vontade amamentando ou ouvindo seu bebê reclamar.
A experiência para nós da equipe de voluntárias de Florianópolis - Lucíola, Luciana, Juliana (eu) e Sheila - foi sensacional, a realização de um sonho.
Lembrei da época que minha mãe levava meu irmão, 10 anos mais novo, ao cinema num espaço para filmes "cults". Eu ficava com ele para entretê-lo enquanto ela assistia aos filmes e quando precisava estava perto para amamentar. Viram como esse sonho é antigo? E como sempre foi importante para as mulheres poderem fazer um programa gostoso depois que estão com seus bebês!
Por tudo isso que acredito na proposta do Cinematerna, um jeito de voltar à vida social, conhecer outras famílias e compartilhar experiências sem precisar se separar de quem tanto precisa de colinho: o bebê!
Espero vocês em 14 de setembro para mais uma aventura no cinema, beijos!
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Cinematerna estreia amanhã em Florianópolis
Boa tarde ,
Estou muito contente porque amanhã será a estreia do Cinematerna em Florianópolis.
Sou voluntária desse projeto porque acredito muito em iniciativas que valorizem e cuidem da mãe no pós-parto (aqui entendido como um longo período onde a mãe está em plena dedicação ao seu bebê).
A mãe no pós-parto tem uma mudança radical na sua vida e a adaptação é a cada dia. Os hormônios alterados, a vida diferente e agitada, as responsabilidades enormes e a vida social....que vida social ??? Então, para ajudar a volta aos prazeres da vida adulta, um cineminha com pipoca, um café com outras mães, tudo isso alivia e traz um ânimo extra para o dia a dia da nova mãe. E o melhor, podendo levar seu bebê junto.
Tenho certeza que muita gente fará amizades, voltará para casa mais leve e feliz. Depois espero publicar histórias desses encontros.
Bem, vou deixá-las com as informações do nosso primeiro filme e um grande beijo. Até amanhã!!!
Florianópolis
17/08, terça-feira, 14h
Cinemark Floripa Shopping
Filme: Quincas Berro D´Água
Floripa Shopping
Rodovia SC-401 3116
Lançamento em 17/08/2010 para convidados.
A partir de 14/09 as sessões serão mensais às terças, 14h.
Estou muito contente porque amanhã será a estreia do Cinematerna em Florianópolis.
Sou voluntária desse projeto porque acredito muito em iniciativas que valorizem e cuidem da mãe no pós-parto (aqui entendido como um longo período onde a mãe está em plena dedicação ao seu bebê).
A mãe no pós-parto tem uma mudança radical na sua vida e a adaptação é a cada dia. Os hormônios alterados, a vida diferente e agitada, as responsabilidades enormes e a vida social....que vida social ??? Então, para ajudar a volta aos prazeres da vida adulta, um cineminha com pipoca, um café com outras mães, tudo isso alivia e traz um ânimo extra para o dia a dia da nova mãe. E o melhor, podendo levar seu bebê junto.
Tenho certeza que muita gente fará amizades, voltará para casa mais leve e feliz. Depois espero publicar histórias desses encontros.
Bem, vou deixá-las com as informações do nosso primeiro filme e um grande beijo. Até amanhã!!!
Florianópolis
17/08, terça-feira, 14h
Cinemark Floripa Shopping
Filme: Quincas Berro D´Água
Floripa Shopping
Rodovia SC-401 3116
Lançamento em 17/08/2010 para convidados.
A partir de 14/09 as sessões serão mensais às terças, 14h.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Doulas no programa da Ana Maria
Vocês podem conhecer mais sobre o trabalho das Doulas no Programa da Ana Maria:
http://maisvoce.globo.com/MaisVoce/0,,MUL1612809-10345,00-MAIS+VOCE+APRESENTA+O+LINDO+TRABALHO+DAS+DOULAS.html
Está lindo e bem informativo. Tem depoimentos de mães e de doulas. Inclusive aparece a Fadynha, uma das pioneiras deste trabalho no Brasil.
Beijos.
http://maisvoce.globo.com/MaisVoce/0,,MUL1612809-10345,00-MAIS+VOCE+APRESENTA+O+LINDO+TRABALHO+DAS+DOULAS.html
Está lindo e bem informativo. Tem depoimentos de mães e de doulas. Inclusive aparece a Fadynha, uma das pioneiras deste trabalho no Brasil.
Beijos.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
A cólica
Bom dia mamães e papais,
O texto abaixo fala sobre a cólica do bebê, ou melhor dizendo, questiona se o bebê chora mesmo de cólicas. Sem tirar o mérito das imaturidades intestinais que existem, vale ler a opinião do Dr. González. Ele traz uma discussão sobre a necessidade de contato físico e a diminuição de choros a partir disso.Em suma, bebês não só querem o colo da mãe, como PRECISAM disso para sentirem-se bem!
PS. mamães cansadas, e com razão, peçam ajuda de colinhos voluntários.
Beijos e bom final de semana.
A cólica - Por Dr. González
Os bebês ocidentais costumam chorar bastante durante os primeiros meses, o que se conhece como cólica do lactente ou cólica do primeiro trimestre. Cólica é a contração espasmódica e dolorosa de uma víscera oca; há cólicas dos rins, da vesícula e do intestino. Como o lactente não é uma vesícula oca e o primeiro trimestre muito menos, o nome logo de cara não é muito feliz. Chamavam de cólica porque se acreditava que doía a barriga dos bebês; mas isso é impossível saber. A dor não se vê, tem de ser explicada pelo paciente. Quando perguntam a eles: “por que você está chorando?”, os bebês insistem em não responder; quando perguntam novamente anos depois, sempre dizem que não se lembram. Então ninguém sabe se está doendo a barriga, ou a cabeça, ou as costas, ou se é coceira na sola dos pés, ou se o barulho está incomodando, ou simplesmente se estão preocupados com alguma notícia que ouviram no rádio. Por isso, os livros modernos frequentemente evitam a palavra cólica e preferem chamar de choro excessivo na infância. É lógico pensar que nem todos os bebês choram pelo mesmo motivo; alguns talvez sintam dor na barriga, mas outro pode estar com fome, ou frio, ou calor, e outros (provavelmente a maioria) simplesmente precisam de colo.
Tipicamente, o choro acontece sobretudo à tarde, de seis às dez, a hora crítica. Às vezes de oito à meia-noite, às vezes de meia-noite às quatro, e alguns parecem que estão a postos vinte e quatro horas por dia. Costuma começar depois de duas ou três semanas de vida e costuma melhorar por volta dos três meses (mas nem sempre).
Quando a mãe amamenta e o bebê chora de tarde, sempre há alguma alma caridosa que diz: “Claro! De tarde seu leite acaba!”. Mas então, por que os bebês que tomam mamadeira têm cólicas? (a incidência de cólica parece ser a mesma entre os bebês amamentados e os que tomam mamadeira). Por acaso há alguma mãe que prepare uma mamadeira de 150 ml pela manhã e de tarde uma de 90 ml somente para incomodar e para fazer o bebê chorar? Claro que não! As mamadeiras são exatamente iguais, mas o bebê que de manhã dormia mais ou menos tranquilo, à tarde chora sem parar. Não é por fome.
“Então, por que minha filha passa a tarde toda pendurada no peito e por que vejo que meus peitos estão murchos?” Quando um bebê está chorando, a mãe que dá mamadeira pode fazer várias coisas: pegar no colo, embalar, cantar, fazer carinho, colocar a chupeta, dar a mamadeira, deixar chorar (não estou dizendo que seja conveniente ou recomendável deixar chorar, só digo que é uma das coisas que a mãe poderia fazer). A mãe que amamenta pode fazer todas essas coisas (incluindo dar uma mamadeira e deixar chorar), mas, além disso, pode fazer uma exclusiva: dar o peito. A maioria das mães descobrem que dar de mamar é a maneira mais fácil e rápida de acalmar o bebê (em casa chamamos o peito de anestesia), então dão de mamar várias vezes ao longo da tarde. Claro que o peito fica murcho, mas não por falta de leite, mas sim porque todo o leite está na barriga do bebê. O bebê não tem fome alguma, pelo contrário, está entupido de leite.
Se a mãe está feliz em dar de mamar o tempo todo e não sente dor no mamilo (se o bebê pede toda hora e doem os mamilos, é provável que a pega esteja errada), e se o bebê se acalma assim, não há inconveniente. Pode dar de mamar todas as vezes e todo o tempo que quiser. Pode deitar na cama e descansar enquanto o filho mama. Mas claro, se a mãe está cansada, desesperada, farta de tanto amamentar, e se o bebê está engordando bem, não há inconveniente que diga ao pai, à avó ou ao primeiro voluntário que aparecer: “pegue este bebê, leve para passear em outro cômodo ou na rua e volte daqui a duas horas”. Porque se um bebê que mama bem e engorda normalmente mama cinco vezes em duas horas e continua chorando, podemos ter razoavelmente a certeza de que não chora de fome (outra coisa seria um bebê que engorda muito pouco ou que não estava engordando nada até dois dias atrás e agora começa a se recuperar: talvez esse bebê necessite mamar muitíssimas vezes seguidas). E sim, se pedir para alguém levar o bebê para passear, aproveite para descansar e, se possível, dormir. Nada de lavar a louça ou colocar em dia a roupa para passar, pois não adiantaria nada.
Às vezes, acontece de a mãe estar desesperada por passar horas dando de mamar, colo, peito, colo e tudo de novo. Recebe seu marido como se fosse uma cavalaria: “por favor, faça algo com essa menina, pois estou ao ponto de ficar doida”. O papai pega o bebê no colo (não sem certa apreensão, devido às circunstâncias), a menina apoia a cabecinha sobre seu ombro e “plim” pega no sono. Há várias explicações possíveis para esse fenômeno. Dizem que nós homens temos os ombros mais largos, e que se pode dormir melhor neles. Como estava há duas horas dançando, é lógico que a bebê esteja bastante cansada. Talvez precisasse de uma mudança de ares, quer dizer, de colo (e muitas vezes acontece o contrário: o pai não sabe o que fazer e a mãe consegue tranquilizar o bebê em segundos).
Tenho a impressão (mas é somente uma teoria minha, não tenho nenhuma prova) de que em alguns casos o que ocorre é que o bebê também está farto de mamar. Não tem fome, mas não é capaz de repousar a cabeça sobre o ombro de sua mãe e dormir tranqüilo. É como se não conhecesse outra forma de se relacionar com sua mãe a não ser mamando. Talvez se sinta como nós quando nos oferecem nossa sobremesa favorita depois de uma opípara refeição. Não temos como recusar, mas passamos a tarde com indigestão. No colo da mamãe é uma dúvida permanente entre querer e poder; por outro lado, com papai, não há dúvida possível: não tem mamá, então é só dormir.
Minha teoria tem muitos pontos fracos, claro. Para começar, a maior parte dos bebês do mundo estão o dia todo no colo (ou carregados nas costas) de sua mãe e, em geral, descansam tranquilos e quase não choram. Mas talvez esses bebês conheçam uma outra forma de se relacionar com suas mães, sem necessidade de mamar. Em nossa cultura fazemos de tudo para deixar o bebê no berço várias horas por dia; talvez assim lhes passemos a idéia de que só podem estar com a mãe se for para mamar.
Porque o certo é que a cólica do lactente parece ser quase exclusiva da nossa cultura. Alguns a consideram uma doença da nossa civilização, a consequência de dar aos bebês menos contato físico do que necessitam. Em outras sociedades o conceito de cólica é desconhecido. Na Coreia, o Dr. Lee não encontrou nenhum caso de cólica entre 160 lactentes. Com um mês de idade, os bebês coreanos só passavam duas horas por dia sozinhos contra as dezesseis horas dos norteamericanos. Os bebês coreanos passavam o dobro do tempo no colo que os norteamericanos e suas mães atendiam praticamente sempre que choravam. As mães norteamericanas ignoravam deliberadamente o choro de seus filhos em quase a metade das vezes.
No Canadá, Hunziker e Barr demonstraram que se podia prevenir a cólica do lactente recomendando às mães que pegassem seus bebês no colo várias horas por dia. É muito boa idéia levar os bebês pendurados, como fazem a maior parte das mães do mundo. Hoje em dia é possível comprar vários modelos de carregadores de bebês nos quais ele pode ser levado confortavelmente em casa e na rua. Não corra para colocar o bebê no berço assim que ele adormecer; ele gosta de estar com a mamãe, mesmo quando está dormindo. Não espere que o bebê comece a chorar, com duas ou três semanas de vida, para pegá-lo no colo; pode acontecer de ter “passado do ponto” e nem no colo ele se acalmar. Os bebês necessitam de muito contato físico, muito colo, desde o nascimento. Não é conveniente estarem separados de sua mãe, e muito menos sozinhos em outro cômodo. Durante o dia, se o deixar dormindo um pouco em seu bercinho, é melhor que o bercinho esteja na sala; assim ambos (mãe e filho) se sentirão mais seguros e descansarão melhor.
A nossa sociedade custa muito a reconhecer que os bebês precisam de colo, contato, afeto; que precisam da mãe. É preferível qualquer outra explicação: a imaturidade do intestino, o sistema nervoso... Prefere-se pensar que o bebê está doente, que precisa de remédios. Há algumas décadas, as farmácias espanholas vendiam medicamentos para cólicas que continham barbitúricos (se fazia efeito, claro, o bebê caía duro). Outros preferem as ervas e chás, os remédios homeopáticos, as massagens. Todos os tratamentos de que tenho notícia têm algo em comum: tem de tocar no bebê para dá-lo. O bebê está no berço chorando; a mãe o pega no colo, dá camomila e o bebê se cala. Teria seacalmado mesmo sem camomila, com o peito, ou somente com o colo. Se, ao contrário, inventassem um aparelho eletrônico para administrar camomila, ativado pelo som do choro do bebê, uma microcâmera que filmasse o berço, um administrador que identificasse a boca aberta e controlasse uma seringa que lançasse um jato de camomila direto na boca... Acredita que o bebê se acalmaria desse modo? Não é a camomila, não é o remédio homeopático! É o colo da mãe que cura a cólica.
Taubman, um pediatra americano, demonstrou que umas simples instruções para a mãe (tabela 1) faziam desaparecer a cólica em menos de duas semanas. Os bebês cujas mães os atendiam, passaram de uma média de 2,6 horas ao dia de choro para somente 0,8 horas. Enquanto isso, os do grupo de controle, que eram deixados chorando, choravam cada vez mais: de 3,1 horas passaram a 3,8 horas. Quer dizer, os bebês não choram por gosto, mas porque alguma coisa está acontecendo. Se são deixados chorando, choram mais, se tentam consolá-los, choram menos (uma coisa tão lógica! Por que tanta gente se esforça em nos fazer acreditar justo no contrário?).
Tabela 1 – Instruções para tratar a cólica, segundo Taubman (Pediatrics 1984;74:998)
1- Tente não deixar nunca o bebê chorando.
2- Para descobrir por que seu filho está chorando, tenha em conta as seguintes possibilidades:
a- O bebê tem fome e quer mamar.
b- O bebê quer sugar, mesmo sem fome.
c- O bebê quer colo.
d- O bebê está entediado e quer distração.
e- O bebê está cansado e quer dormir.
3- Se continuar chorando durante mais de cinco minutos com uma opção, tente com outra.
4- Decida você mesma em qual ordem testará as opções anteriores.
5- Não tenha medo de superalimentar seu filho. Isso não vai acontecer.
6- Não tenha medo de estragar seu filho. Isso também não vai acontecer.
No grupo de controle, as instruções eram: quando o bebê chorar e você não souber o que está acontecendo, deixe-o no berço e saia do quarto. Se após vinte minutos ele continuar chorando, torne a entrar, verifique (um minuto) que não há nada, e volte a sair do quarto. Se após vinte minutos ele continuar chorando etc. Se após três horas ele continuar chorando, alimente-o e recomece.
As duas últimas instruções do Dr. Taubman me parecem especialmente importantes: é impossível superalimentar um bebê por oferecer-lhe muita comida (que o digam as mães que tentam enfiar a papinha em um bebê que não quer comer); e é impossível estragar um bebê dando-lhe muita atenção. Estragar significa prejudicá-lo. Estragar uma criança é bater nela, insultá-la, ridicularizá-la, ignorar seu choro. Contrariamente, dar atenção, dar colo, acariciá-la, consolá-la, falar com ela, beijá-la, sorrir para ela são e sempre foram uma maneira de criá-la bem, não de estragá-la.
Não existe nenhuma doença mental causada por um excesso de colo, de carinho, de afagos... Não há ninguém na prisão, ou no hospício, porque recebeu colo demais , ou porque cantaram canções de ninar demais para ele, ou porque os pais deixaram que dormisse com eles. Por outro lado, há, sim, pessoas na prisão ou no hospício porque não tiveram pais, ou porque foram maltratados, abandonados ou desprezados pelos pais. E, contudo, a prevenção dessa doença mental imaginária, o estrago infantil crônico , parece ser a maior preocupação de nossa sociedade. E se não, amiga leitora, relembre e compare: quantas pessoas, desde que você ficou grávida, avisaram da importância de colocar protetores de tomada, de guardar em lugar seguro os produtos tóxicos, de usar uma cadeirinha de segurança no carro ou de vacinar seu filho contra o tétano? Quantas pessoas, por outro lado, avisaram para você não dar muito colo, não colocar para dormir na sua cama, não acostumar mal o bebê?
(grifo meu)
Lee K. The crying pattern of Korean infants and related factors. Dev Med Child Neurol. 1994; 36:601-7
Hunziker UA, Barr RG. Increased carrying reduces infant crying: a randomized controlled trial. Pediatrics 1986;77:641-8
Taubnan B. Clinical trial of treatment of colic by modification of parent-infant interaction. Pediatrics 1984;74:998-1003
Do livro Un regalo para toda la vida- Guía de la lactancia materna,Carlos González
Tradução: Fernanda Mainier
Revisão: Luciana Freitas
O texto abaixo fala sobre a cólica do bebê, ou melhor dizendo, questiona se o bebê chora mesmo de cólicas. Sem tirar o mérito das imaturidades intestinais que existem, vale ler a opinião do Dr. González. Ele traz uma discussão sobre a necessidade de contato físico e a diminuição de choros a partir disso.Em suma, bebês não só querem o colo da mãe, como PRECISAM disso para sentirem-se bem!
PS. mamães cansadas, e com razão, peçam ajuda de colinhos voluntários.
Beijos e bom final de semana.
A cólica - Por Dr. González
Os bebês ocidentais costumam chorar bastante durante os primeiros meses, o que se conhece como cólica do lactente ou cólica do primeiro trimestre. Cólica é a contração espasmódica e dolorosa de uma víscera oca; há cólicas dos rins, da vesícula e do intestino. Como o lactente não é uma vesícula oca e o primeiro trimestre muito menos, o nome logo de cara não é muito feliz. Chamavam de cólica porque se acreditava que doía a barriga dos bebês; mas isso é impossível saber. A dor não se vê, tem de ser explicada pelo paciente. Quando perguntam a eles: “por que você está chorando?”, os bebês insistem em não responder; quando perguntam novamente anos depois, sempre dizem que não se lembram. Então ninguém sabe se está doendo a barriga, ou a cabeça, ou as costas, ou se é coceira na sola dos pés, ou se o barulho está incomodando, ou simplesmente se estão preocupados com alguma notícia que ouviram no rádio. Por isso, os livros modernos frequentemente evitam a palavra cólica e preferem chamar de choro excessivo na infância. É lógico pensar que nem todos os bebês choram pelo mesmo motivo; alguns talvez sintam dor na barriga, mas outro pode estar com fome, ou frio, ou calor, e outros (provavelmente a maioria) simplesmente precisam de colo.
Tipicamente, o choro acontece sobretudo à tarde, de seis às dez, a hora crítica. Às vezes de oito à meia-noite, às vezes de meia-noite às quatro, e alguns parecem que estão a postos vinte e quatro horas por dia. Costuma começar depois de duas ou três semanas de vida e costuma melhorar por volta dos três meses (mas nem sempre).
Quando a mãe amamenta e o bebê chora de tarde, sempre há alguma alma caridosa que diz: “Claro! De tarde seu leite acaba!”. Mas então, por que os bebês que tomam mamadeira têm cólicas? (a incidência de cólica parece ser a mesma entre os bebês amamentados e os que tomam mamadeira). Por acaso há alguma mãe que prepare uma mamadeira de 150 ml pela manhã e de tarde uma de 90 ml somente para incomodar e para fazer o bebê chorar? Claro que não! As mamadeiras são exatamente iguais, mas o bebê que de manhã dormia mais ou menos tranquilo, à tarde chora sem parar. Não é por fome.
“Então, por que minha filha passa a tarde toda pendurada no peito e por que vejo que meus peitos estão murchos?” Quando um bebê está chorando, a mãe que dá mamadeira pode fazer várias coisas: pegar no colo, embalar, cantar, fazer carinho, colocar a chupeta, dar a mamadeira, deixar chorar (não estou dizendo que seja conveniente ou recomendável deixar chorar, só digo que é uma das coisas que a mãe poderia fazer). A mãe que amamenta pode fazer todas essas coisas (incluindo dar uma mamadeira e deixar chorar), mas, além disso, pode fazer uma exclusiva: dar o peito. A maioria das mães descobrem que dar de mamar é a maneira mais fácil e rápida de acalmar o bebê (em casa chamamos o peito de anestesia), então dão de mamar várias vezes ao longo da tarde. Claro que o peito fica murcho, mas não por falta de leite, mas sim porque todo o leite está na barriga do bebê. O bebê não tem fome alguma, pelo contrário, está entupido de leite.
Se a mãe está feliz em dar de mamar o tempo todo e não sente dor no mamilo (se o bebê pede toda hora e doem os mamilos, é provável que a pega esteja errada), e se o bebê se acalma assim, não há inconveniente. Pode dar de mamar todas as vezes e todo o tempo que quiser. Pode deitar na cama e descansar enquanto o filho mama. Mas claro, se a mãe está cansada, desesperada, farta de tanto amamentar, e se o bebê está engordando bem, não há inconveniente que diga ao pai, à avó ou ao primeiro voluntário que aparecer: “pegue este bebê, leve para passear em outro cômodo ou na rua e volte daqui a duas horas”. Porque se um bebê que mama bem e engorda normalmente mama cinco vezes em duas horas e continua chorando, podemos ter razoavelmente a certeza de que não chora de fome (outra coisa seria um bebê que engorda muito pouco ou que não estava engordando nada até dois dias atrás e agora começa a se recuperar: talvez esse bebê necessite mamar muitíssimas vezes seguidas). E sim, se pedir para alguém levar o bebê para passear, aproveite para descansar e, se possível, dormir. Nada de lavar a louça ou colocar em dia a roupa para passar, pois não adiantaria nada.
Às vezes, acontece de a mãe estar desesperada por passar horas dando de mamar, colo, peito, colo e tudo de novo. Recebe seu marido como se fosse uma cavalaria: “por favor, faça algo com essa menina, pois estou ao ponto de ficar doida”. O papai pega o bebê no colo (não sem certa apreensão, devido às circunstâncias), a menina apoia a cabecinha sobre seu ombro e “plim” pega no sono. Há várias explicações possíveis para esse fenômeno. Dizem que nós homens temos os ombros mais largos, e que se pode dormir melhor neles. Como estava há duas horas dançando, é lógico que a bebê esteja bastante cansada. Talvez precisasse de uma mudança de ares, quer dizer, de colo (e muitas vezes acontece o contrário: o pai não sabe o que fazer e a mãe consegue tranquilizar o bebê em segundos).
Tenho a impressão (mas é somente uma teoria minha, não tenho nenhuma prova) de que em alguns casos o que ocorre é que o bebê também está farto de mamar. Não tem fome, mas não é capaz de repousar a cabeça sobre o ombro de sua mãe e dormir tranqüilo. É como se não conhecesse outra forma de se relacionar com sua mãe a não ser mamando. Talvez se sinta como nós quando nos oferecem nossa sobremesa favorita depois de uma opípara refeição. Não temos como recusar, mas passamos a tarde com indigestão. No colo da mamãe é uma dúvida permanente entre querer e poder; por outro lado, com papai, não há dúvida possível: não tem mamá, então é só dormir.
Minha teoria tem muitos pontos fracos, claro. Para começar, a maior parte dos bebês do mundo estão o dia todo no colo (ou carregados nas costas) de sua mãe e, em geral, descansam tranquilos e quase não choram. Mas talvez esses bebês conheçam uma outra forma de se relacionar com suas mães, sem necessidade de mamar. Em nossa cultura fazemos de tudo para deixar o bebê no berço várias horas por dia; talvez assim lhes passemos a idéia de que só podem estar com a mãe se for para mamar.
Porque o certo é que a cólica do lactente parece ser quase exclusiva da nossa cultura. Alguns a consideram uma doença da nossa civilização, a consequência de dar aos bebês menos contato físico do que necessitam. Em outras sociedades o conceito de cólica é desconhecido. Na Coreia, o Dr. Lee não encontrou nenhum caso de cólica entre 160 lactentes. Com um mês de idade, os bebês coreanos só passavam duas horas por dia sozinhos contra as dezesseis horas dos norteamericanos. Os bebês coreanos passavam o dobro do tempo no colo que os norteamericanos e suas mães atendiam praticamente sempre que choravam. As mães norteamericanas ignoravam deliberadamente o choro de seus filhos em quase a metade das vezes.
No Canadá, Hunziker e Barr demonstraram que se podia prevenir a cólica do lactente recomendando às mães que pegassem seus bebês no colo várias horas por dia. É muito boa idéia levar os bebês pendurados, como fazem a maior parte das mães do mundo. Hoje em dia é possível comprar vários modelos de carregadores de bebês nos quais ele pode ser levado confortavelmente em casa e na rua. Não corra para colocar o bebê no berço assim que ele adormecer; ele gosta de estar com a mamãe, mesmo quando está dormindo. Não espere que o bebê comece a chorar, com duas ou três semanas de vida, para pegá-lo no colo; pode acontecer de ter “passado do ponto” e nem no colo ele se acalmar. Os bebês necessitam de muito contato físico, muito colo, desde o nascimento. Não é conveniente estarem separados de sua mãe, e muito menos sozinhos em outro cômodo. Durante o dia, se o deixar dormindo um pouco em seu bercinho, é melhor que o bercinho esteja na sala; assim ambos (mãe e filho) se sentirão mais seguros e descansarão melhor.
A nossa sociedade custa muito a reconhecer que os bebês precisam de colo, contato, afeto; que precisam da mãe. É preferível qualquer outra explicação: a imaturidade do intestino, o sistema nervoso... Prefere-se pensar que o bebê está doente, que precisa de remédios. Há algumas décadas, as farmácias espanholas vendiam medicamentos para cólicas que continham barbitúricos (se fazia efeito, claro, o bebê caía duro). Outros preferem as ervas e chás, os remédios homeopáticos, as massagens. Todos os tratamentos de que tenho notícia têm algo em comum: tem de tocar no bebê para dá-lo. O bebê está no berço chorando; a mãe o pega no colo, dá camomila e o bebê se cala. Teria seacalmado mesmo sem camomila, com o peito, ou somente com o colo. Se, ao contrário, inventassem um aparelho eletrônico para administrar camomila, ativado pelo som do choro do bebê, uma microcâmera que filmasse o berço, um administrador que identificasse a boca aberta e controlasse uma seringa que lançasse um jato de camomila direto na boca... Acredita que o bebê se acalmaria desse modo? Não é a camomila, não é o remédio homeopático! É o colo da mãe que cura a cólica.
Taubman, um pediatra americano, demonstrou que umas simples instruções para a mãe (tabela 1) faziam desaparecer a cólica em menos de duas semanas. Os bebês cujas mães os atendiam, passaram de uma média de 2,6 horas ao dia de choro para somente 0,8 horas. Enquanto isso, os do grupo de controle, que eram deixados chorando, choravam cada vez mais: de 3,1 horas passaram a 3,8 horas. Quer dizer, os bebês não choram por gosto, mas porque alguma coisa está acontecendo. Se são deixados chorando, choram mais, se tentam consolá-los, choram menos (uma coisa tão lógica! Por que tanta gente se esforça em nos fazer acreditar justo no contrário?).
Tabela 1 – Instruções para tratar a cólica, segundo Taubman (Pediatrics 1984;74:998)
1- Tente não deixar nunca o bebê chorando.
2- Para descobrir por que seu filho está chorando, tenha em conta as seguintes possibilidades:
a- O bebê tem fome e quer mamar.
b- O bebê quer sugar, mesmo sem fome.
c- O bebê quer colo.
d- O bebê está entediado e quer distração.
e- O bebê está cansado e quer dormir.
3- Se continuar chorando durante mais de cinco minutos com uma opção, tente com outra.
4- Decida você mesma em qual ordem testará as opções anteriores.
5- Não tenha medo de superalimentar seu filho. Isso não vai acontecer.
6- Não tenha medo de estragar seu filho. Isso também não vai acontecer.
No grupo de controle, as instruções eram: quando o bebê chorar e você não souber o que está acontecendo, deixe-o no berço e saia do quarto. Se após vinte minutos ele continuar chorando, torne a entrar, verifique (um minuto) que não há nada, e volte a sair do quarto. Se após vinte minutos ele continuar chorando etc. Se após três horas ele continuar chorando, alimente-o e recomece.
As duas últimas instruções do Dr. Taubman me parecem especialmente importantes: é impossível superalimentar um bebê por oferecer-lhe muita comida (que o digam as mães que tentam enfiar a papinha em um bebê que não quer comer); e é impossível estragar um bebê dando-lhe muita atenção. Estragar significa prejudicá-lo. Estragar uma criança é bater nela, insultá-la, ridicularizá-la, ignorar seu choro. Contrariamente, dar atenção, dar colo, acariciá-la, consolá-la, falar com ela, beijá-la, sorrir para ela são e sempre foram uma maneira de criá-la bem, não de estragá-la.
Não existe nenhuma doença mental causada por um excesso de colo, de carinho, de afagos... Não há ninguém na prisão, ou no hospício, porque recebeu colo demais , ou porque cantaram canções de ninar demais para ele, ou porque os pais deixaram que dormisse com eles. Por outro lado, há, sim, pessoas na prisão ou no hospício porque não tiveram pais, ou porque foram maltratados, abandonados ou desprezados pelos pais. E, contudo, a prevenção dessa doença mental imaginária, o estrago infantil crônico , parece ser a maior preocupação de nossa sociedade. E se não, amiga leitora, relembre e compare: quantas pessoas, desde que você ficou grávida, avisaram da importância de colocar protetores de tomada, de guardar em lugar seguro os produtos tóxicos, de usar uma cadeirinha de segurança no carro ou de vacinar seu filho contra o tétano? Quantas pessoas, por outro lado, avisaram para você não dar muito colo, não colocar para dormir na sua cama, não acostumar mal o bebê?
(grifo meu)
Lee K. The crying pattern of Korean infants and related factors. Dev Med Child Neurol. 1994; 36:601-7
Hunziker UA, Barr RG. Increased carrying reduces infant crying: a randomized controlled trial. Pediatrics 1986;77:641-8
Taubnan B. Clinical trial of treatment of colic by modification of parent-infant interaction. Pediatrics 1984;74:998-1003
Do livro Un regalo para toda la vida- Guía de la lactancia materna,Carlos González
Tradução: Fernanda Mainier
Revisão: Luciana Freitas
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Cartilha da amiga no pós-parto
Boa noite,
Queria propor uma brincadeira, uma cartilha da amiga que visita uma mãe (principalmente de primeira viagem) no pós-parto. Quem já teve filhos sabe que é um período de mudanças na rotina, no sono, na relação com o marido, com os familiares, sem contar na montanha-russa hormonal (como uma TPM). Acrescente a isso uma pitada de cansaço, de atrasos nas refeições (sem falar no banho) e as novas emoções de descobrir como um bebê "funciona".
Bem, mas eu queria falar das amigas. As amigas, e amigos também, mais os parentes, todos estão felizes e querem conhecer o bebê. Por um lado isso é muito legal, nada como mostrar um filho, é um orgulho e uma alegria. PORÉM, tem hora pra tudo, não é? Será que a melhor hora de visitar a nova família é na maternidade? E dias depois que o bebê nasceu?
Muitas mães querem logo receber visitas, conversar com outras mães, compartilhar seu momento. Mas nem todas estão com vontade e isso não é nada pessoal. Algumas , pra não dizer muitas, querem um tempo para se adaptarem ao bebê, a aprenderem a amamentar, a descansar enquanto o filho dorme (e não conversar), a tomar banho, a se alimentar ( o tempo entre uma mamada e outra é curto).
Então, pensando nas mães no pós-parto, lá vai algumas sugestões:
1- Telefone para sua amiga, mande cartão, flores, mas primeiro se informe se ela está disposta a receber visita e POR FAVOR, entenda se a resposta for "não". Pergunte quando é mais adequado para isso, muitas mães preferem receber visitas depois do 1º mês.
2- Se for visitar que seja para ajudar. Visita de pós-parto não é para "esquentar a cadeira" , nada de fazer lanchinhos e refeições. Imagine o trabalho que a família já tem, dia e noite.
Aqui me lembro de uma amiga que veio me visitar no meu segundo pós-parto e trouxe um bolo delicioso. Foi um ato não só de gentileza, mas de compreensão, de saber que eu não estava em condições de oferecer nada e sim de receber.
3- Como ajudar: se oferecer para comprar suprimentos no supermercado, de levar algo que faltou para o bebê (fraldas etc), lavar a louça, se a mãe tiver mais filhos - ajudar com as crianças, perguntar se precisa carona para ir no médico/posto de saúde.
4- Se você ligar e sua amiga não puder atender, não espere que ela ligue de volta. Além da falta de tempo, a memória está diferente, a concentração é no bebê e por isso é comum o esquecimento de compromissos. Ligue de novo! Às vezes ela pode estar precisando de uma amiga para conversar.
Por enquanto são essas dicas que deixo por aqui. Quem estiver passando pelo pós-parto ou já passou, escreva suas dicas também. Pode ser nos comentários ou pelo e-mail:apoiomaterno@gmail.com
Um beijo grande!
Queria propor uma brincadeira, uma cartilha da amiga que visita uma mãe (principalmente de primeira viagem) no pós-parto. Quem já teve filhos sabe que é um período de mudanças na rotina, no sono, na relação com o marido, com os familiares, sem contar na montanha-russa hormonal (como uma TPM). Acrescente a isso uma pitada de cansaço, de atrasos nas refeições (sem falar no banho) e as novas emoções de descobrir como um bebê "funciona".
Bem, mas eu queria falar das amigas. As amigas, e amigos também, mais os parentes, todos estão felizes e querem conhecer o bebê. Por um lado isso é muito legal, nada como mostrar um filho, é um orgulho e uma alegria. PORÉM, tem hora pra tudo, não é? Será que a melhor hora de visitar a nova família é na maternidade? E dias depois que o bebê nasceu?
Muitas mães querem logo receber visitas, conversar com outras mães, compartilhar seu momento. Mas nem todas estão com vontade e isso não é nada pessoal. Algumas , pra não dizer muitas, querem um tempo para se adaptarem ao bebê, a aprenderem a amamentar, a descansar enquanto o filho dorme (e não conversar), a tomar banho, a se alimentar ( o tempo entre uma mamada e outra é curto).
Então, pensando nas mães no pós-parto, lá vai algumas sugestões:
1- Telefone para sua amiga, mande cartão, flores, mas primeiro se informe se ela está disposta a receber visita e POR FAVOR, entenda se a resposta for "não". Pergunte quando é mais adequado para isso, muitas mães preferem receber visitas depois do 1º mês.
2- Se for visitar que seja para ajudar. Visita de pós-parto não é para "esquentar a cadeira" , nada de fazer lanchinhos e refeições. Imagine o trabalho que a família já tem, dia e noite.
Aqui me lembro de uma amiga que veio me visitar no meu segundo pós-parto e trouxe um bolo delicioso. Foi um ato não só de gentileza, mas de compreensão, de saber que eu não estava em condições de oferecer nada e sim de receber.
3- Como ajudar: se oferecer para comprar suprimentos no supermercado, de levar algo que faltou para o bebê (fraldas etc), lavar a louça, se a mãe tiver mais filhos - ajudar com as crianças, perguntar se precisa carona para ir no médico/posto de saúde.
4- Se você ligar e sua amiga não puder atender, não espere que ela ligue de volta. Além da falta de tempo, a memória está diferente, a concentração é no bebê e por isso é comum o esquecimento de compromissos. Ligue de novo! Às vezes ela pode estar precisando de uma amiga para conversar.
Por enquanto são essas dicas que deixo por aqui. Quem estiver passando pelo pós-parto ou já passou, escreva suas dicas também. Pode ser nos comentários ou pelo e-mail:apoiomaterno@gmail.com
Um beijo grande!
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