terça-feira, 24 de novembro de 2009

O gostoso desafio de amamentar o filho adotado


Olá,

Vejam que interessante a matéria abaixo. Foi escrita pelo Dr. Marcus Renato de Carvalho do Rio de Janeiro, coordenador da Clínica Interdisciplina de Apoio à Amamentação


Isto mesmo que vocês estão pensando, uma mãe que acaba de adotar um recém-nascido pode tentar amamentá-lo, caso deseje, esteja disponível e tenha apoio de profissional de saúde capacitado na técnica de "lactação adotiva" ou de "indução ao aleitamento materno".

Mesmo sem o estímulo prévio dos hormônios da gestação, uma mulher pode chegar a produzir leite através do método para a reindução da lactação. Este processo exige grande motivação por parte da recém mãe e apoio profissional constante. Este esforço é amplamente recompensado ao oferecer à mãe adotiva a grata experiência de amamentar seu filho, não sendo mesmo difícil chegar ao aleitamento exclusivo.

Na mulher com a amamentação induzida, a mama não experimenta as transformações mamárias próprias da gestação, o que resulta um mamilo não pigmentado, mais sensível, podendo irritar-se facilmente. O ideal, então é que este mamilo e esta aréola sejam preparados com exercícios e banhos de sol. No caso da nova mãe haver amamentado antes, pode-se observar a presença de leite já nos primeiros 7 dias; se é sua primeira experiência, este aparece em geral durante a segunda semana, dependendo de quantas vezes o lactente é colocado ao seio para estimulá-lo. Nas mães adotivas a produção de leite segue aumentando ainda até o sexto mês. A maioria destas mulheres consegue amamentar seus filhos adotivos com seu leite pelo menos a metade das suas necessidades. Na lactação adotiva, o essencial para produzir leite, é o estímulo freqüente da mama, que pode aumentar com a ordenha manual ou pelo emprego de adequadas bombas elétricas de extração. O estímulo da sucção aumenta os níveis de Ocitocina e Prolactina na mulher e como efeito secundário podem ser observadas irregularidades ou ausência de menstruação, o que comprova que o processo está indo bem. Usamos alguns medicamentos que aumentam a prolactina como os antagonistas da Dopamina - Fator de Inibição da Prolactina. Também temos uma boa experiência com algumas substâncias homeopáticas.

A dificuldade deste processo não é a recuperação da produção de leite, senão conseguir que o lactente succione de uma mama sem leite. Com este objetivo pode-se gotejar leite sobre a região da aréola quando o lactente inicia a amamentação por meio de um conta-gotas. Outra possibilidade, melhor, é oferecer leite por meio de uma sonda que por um lado está conectada a um recipiente com leite e sua outra extremidade é introduzida na boca do lactente junto com o mamilo, de tal maneira que ao mamar, o lactente obtém leite da sonda e por sua vez desencadeia os reflexos de produção e ejeção do leite. Há suplementadores importados e caros no comércio, porém podem ser montados facilmente com um copo comum e uma sonda (oro ou naso gástrica) fina ou um finíssimo tubo de plástico.

Nestes casos devem-se controlar de forma periódica, as evacuações, diurese e o peso do lactente, para reduzir o suplemento de forma progressiva até suspendê-lo quando a mãe recupere sua produção de leite.

É fundamental que as mães adotivas aumentem sua ingestão calórica, já que elas não contam com a reserva de gordura que a puérpera geralmente apresenta, para cobrir os requerimentos energéticos da produção de leite.

Vale à pena tentar!


Publicado originalmente no www.aleitamento.com

Autor: Marcus Renato de Carvalho
Data: 30/4/2007

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