sexta-feira, 30 de abril de 2010

Homem tem jeito para cuidar de criança?

Olá,

Esta é a primeira vez que vou postar um artigo específico sobre os homens. Garanto que vai ser muito interessante para as mães e os pais.
Leiam, depois me contem se gostaram.

Beijos e bom domingo!!!


Por: Maria Luiza de Carvalho*

Estes são chavões muito ouvidos entre nós. São produtos da divisão tradicional do trabalho entre homens e mulheres, em que aos homens cabem as funções públicas e às mulheres a vida doméstica. Cuidar é coisa de mulher, haja vista a grande quantidade de mulheres em profissões ditas femininas: enfermagem, educação, psicologia, etc.

Mas a história não é bem assim pois a observação de pais dando o primeiro banho numa maternidade pública, tem mostrado que os homens inicialmente desajeitados, logo se tornam afetuosos e competentes ao cuidar do bebê. No entanto, no convívio doméstico, muitas mulheres relutam em permitir que o homem se aproxime do neném ou passe a administrar com ela a casa. Tarefas do poder feminino: ser a rainha-do-lar. E, poder, vocês sabem, a gente não gosta de perder, não é?

Por outro lado, há muitos homens que também têm dificuldades em se aproximar dos cuidados com os filhos, pois desta forma ficaria descaracterizado o seu papel de macho, aquele que banca economicamente a família e é servido pela mulher em casa. Mas os homens já não são mais os únicos provedores e estão tendo que se adaptar à nova independência econômica feminina. Entre essas adaptações surge a divisão das tarefas domésticas. Segundo dados do IBGE, 51 % dos homens participam dos trabalhos da casa.

Muitos homens se identificam como desajeitados para cuidar de criança. Por que será que isto ocorre? Longe de ser uma capacidade dada pela biologia, cuidar é uma tarefa aprendida pelas meninas desde cedo, sendo mamães de suas bonecas. Quando um menino se interessa por brincar com bonecas, a família fica assustada, achando que este pode ser um sinal de homossexualidade. Só que estamos presenciando novas possibilidades de participação afetiva e efetiva do pai na vida das crianças, sem que estes homens, obviamente, mudem sua opção sexual.

A tarefa de cuidar, entre nós humanos, se aprende socialmente. Isto fica claro quando observamos as dificuldades da mulher urbana em amamentar e cuidar do neném, muitas vezes, por nunca ter participado da criação de outros bebês da família. É óbvio que a biologia, através da gravidez, facilita à mulher a formação de vínculos precoces com o bebê, mas não garante o exercício de uma maternidade satisfatória. Muitas mulheres não se sentem confortáveis nesta tarefa, sentindo-se culpadas por não serem aquela boa mãe que se exigem. O reforço social para o desenvolvimento das capacidades femininas de cuidar é muito grande. A expressão mãe desnaturada reflete bem a exigência sobre a mulher de dedicar-se aos filhos, para evitar ser qualificada como tal. No entanto, o pai que não cria os filhos, ou quando separado se afasta deles não recebe nenhum julgamento de seu grupo social.

As instituições sociais em sua maioria afastam o homem da educação e cuidados com a criança. É a escola que embora faça a reunião de pais, não questiona a presença apenas de mulheres na maioria destes encontros, embora muitas delas trabalhem fora. Nas maternidades, a entrada do pai na sala de parto nas maternidades públicas, precisou ser normatizada (cidade do Rio de Janeiro e Estado de São Paulo) para que o homem, como qualquer outro acompanhante à escolha da mulher, possa presenciar o nascimento de seu filho. Os homens não são convidados a participar do pré-natal durante a gestação. Nos postos de saúde, não há fotos de homens com bebês, expressando a expectativa de que aquele seja um espaço exclusivamente feminino. Os homens são mantidos à distância pela atenção prestada à gestação e ao nascimento da criança. As relações de trabalho também dificultam a participação do pai, pois não se aceita que homem falte ao trabalho porque o filho ficou doente, havendo uma expectativa de que este seja papel de mãe.

Enquanto a mulher desde cedo é preparada para a maternidade, com as brincadeiras de bonecas, cuidar de filhos não costuma fazer parte do projeto de vida dos homens. Suas atenções em geral estão voltadas para a competitividade do mundo profissional. Na vida sexual, os homens, tem mais dificuldade no uso da camisinha, como se a relação sexual sem cuidados anticonceptivos, não implicasse em paternidade futura. Cabe à mulher tomar pílula e controlar o período fértil. Se engravidar, o erro foi dela.

Todos estes fatores contribuem para a descrença de muitos homens na sua capacidade de serem amorosos e competentes no cuidado com os bebês. Além disso, tornar-se pai na maioria das vezes é vivido como um grande susto. Parece que aí é que o homem entra na vida adulta. Embora pouco se fale das experiências masculinas durante a gestação, pode-se imaginar a quantidade de emoções que um homem vive ao longo desse período. A responsabilidade econômica, o compromisso afetivo com a família, o projeto de vida, o medo da nova experiência, a transformação na relação com a mulher gestante e futuramente mãe, a divisão do amor com o filho, etc. são temas que costumam surgir nos corações masculinos e que não costumam receber a devida atenção daqueles que prestam assistência à gestação e ao nascimento.

A capacidade masculina de cuidar e de formar vínculos vem sendo observada através de estudos com homens americanos que tiveram contato com seu bebê despido, trocando fraldas e olhando "nos olhos" nas primeiras três horas de vida. Entre estes pais, o cuidado e a interação afetuosa com seus bebês é aumentada nos primeiros três meses de vida, além de propiciar um sentimento de maior proximidade com suas esposas. Não podemos esquecer que o homem que não participa da vida do bebê sente-se em geral excluído pois a mulher gasta muitas horas no cuidado com a criança, sem sobrar tempo para o marido. Outros estudos, mostram que pais adolescentes, apesar de todas dificuldades da precocidade da paternidade, quando acompanham as consultas do pré-natal e participam do trabalho de parto e do nascimento, têm maior probabilidade de acompanhar as consultas mensais dos seus filhos (as) até por volta de dois anos de vida.

Pais adolescentes, apesar de todas as dificuldades da precocidade da paternidade, quando acompanham as consultas do pré-natal e participam do trabalho de parto e do nascimento, têm maior probabilidade de acompanhar as consultas mensais dos seus filhos(as) até por volta de dois anos de vida, segundo pesquisas.

Há momentos na nossa vida que são especiais na formação de vínculos. Chamam-se períodos sensitivos¹ pela facilidade maior que a pessoa tem de ser influenciada por um evento, do que noutros momentos. O período do nascimento do filho é um deles, facilitando para o pai e a mãe vincular-se ao bebê, em virtude de toda a transformação emocional que eles estão vivendo para lidar com o novo integrante da família. Bebê, mamãe e papai estão passando por profundas mudanças, reorganizando suas vidas e esta é uma oportunidade de maior sensibilidade de todos. Não há porque os homens não aproveitarem este momento na construção de vínculos afetivos duradouros.




*Maria Luiza de Carvalho

Psicoterapeuta corporal com formação em Biossíntese, com experiência no trabalho com crianças, adolescentes, adultos, terceira idade, psicóticos e suas famílias.
Psicóloga da Maternidade-Escola da UFRJ há 10 anos, trabalhou com Psiquiatria nos 20 anos anteriores.
Especialista em Terapia de Adolescentes (Inst. Psiquiatria UFRJ), Psiquiatria Social (Colônia Juliano Moreira-FIOCRUZ), e Psicologia na Assistência Psiquiátrica (Inst. Psiquiatria UFRJ).
Mestre e Doutoranda em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS, Inst. Psicologia, UFRJ) e pesquisadora sobre paternidade, gênero, saúde sexual e reprodutiva.
Tel.: 21 2234 3695


Autor: Maria Luiza de Carvalho
Data: 17/8/2006
Publicado originalmente no site www.aleitamento.com

terça-feira, 20 de abril de 2010

Alimentação durante trabalho de parto está liberada

Vejam que interessante o artigo que saiu na Folha On Line. Revê mais um mito sobre o trabalho de parto. Sempre se ouviu que a parturiente não poderia se alimentar nesse processo porque se tivesse que fazer uma cesária poderia passar mal. Enfim foi revisto, concluiu-se que se passa mais mal ficar sem alimentação.

Boa leitura e lembrem-se de levar alimentos leves na bolsa da maternidade.

Beijos grandes!!!

Crença de que mulher deve ficar em jejum para dar à luz não resiste à revisão científica de vários estudos; comida deve ser leve

Rafael Hupsel/Folha Imagem

A fisioterapeuta Luciana Morando, que almoçou e lanchou no dia do nascimento de Guilherme

JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em nome do conforto, vale até comer enquanto o bebê não chega. Uma revisão recente de cinco estudos científicos concluiu não haver provas de que a alimentação durante o parto normal faz mal à mulher.
O trabalho avaliou dados de 3.130 mulheres e foi publicado pela Cochrane, rede internacional de revisão de pesquisas.
A crença de que a mulher deve ficar em jejum vem dos anos 1940, quando foi levantado o alerta de que, durante uma anestesia geral, haveria maior risco de vômito e de o alimento do estômago ser aspirado pelos pulmões, causando problemas à paciente.
Mas a anestesia aplicada na gestante só atinge o abdômen e os membros inferiores, tornando mínimo o risco de reaspiração dos alimentos. "Muitos médicos têm receio de ser necessária uma anestesia geral, mas isso é raro e atípico", diz o ginecologista Alberto d'Auria, diretor do grupo Santa Joana.
Na verdade, a alimentação pode ajudar a mulher: como ela pode esperar até 16 horas para o bebê nascer, precisa de uma fonte de energia. "Se sente fome, é sinal de que há algum nível de hipoglicemia. É mais saudável oferecer comida do que dar glicose na veia", acrescenta.
A exceção ocorre no caso de uma cesariana agendada. A cirurgia requer oito horas de jejum para alimentos sólidos e seis horas para líquidos.
"Se o parto for normal, mas houver suspeita de que a mulher não vai ter dilatação, também é melhor evitar a alimentação", diz a ginecologista Márcia da Costa, coordenadora médica da maternidade do Hospital São Luiz -unidade Itaim.

Experiência
A fisioterapeuta Luciana Morando, 27, já sabia que poderia se alimentar durante as contrações, caso sentisse fome.
Foi internada às 11h, e seu filho, Guilherme Mendes Morando, nasceu depois das 20h, tempo suficiente para ela almoçar e lanchar. "Achei importante comer. Parto é trabalho mesmo. Tive mais energia para o momento da expulsão."
Os alimentos devem ser leves como grelhados, purê, arroz e vegetais, para não piorar um eventual mal-estar causado pela dor, segundo a ginecologista Márcia da Costa. "Se ela estiver indisposta, pode tomar sopa. Vai do desejo da paciente." Se ela estiver sem apetite, o médico pode manter os níveis de glicemia com soro.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2004201004.htm

sábado, 17 de abril de 2010

Obrigada pelas visitas!!!

É com muita alegria que venho agradecer a visita de vocês:

O Apoio Materno já conta com mais de 1.000 clicks desde a primeira publicação em novembro de 2009. Gostaria de poder conhecer mais os nossos visitantes, saber a opinião sobre os artigos postados e receber sugestões para novas pautas.

Portanto, escrevam para o e-mail (apoiomaterno@gmail.com), entrem no orkut (Apoio Materno) ou deixem seus recados nos comentários. Será um prazer compartilhar experiências com vocês!!!

Beijos,

com carinho.

A natureza do sono do bebê

Olá,

Vamos mudar um pouco de assunto, passando do parto para o bebê. Mais especificamente sobre o sono, questão que traz muitas dúvidas e até mesmo insônia nos pais.

Li o artigo abaixo da Dra. Andréia Mortensen, pesquisadora em neurociências e residente nos Estados Unidos, no Guia do Bebê (www.guiadobebe.uol.com.br). Logo entrei em contato com a autora para pedir autorização de publicação e conversamos um pouco sobre como orientamos as mães e pais sobre o sono dos filhos. Pensamos da mesma forma e gostaria de compartilhar com vocês o material porque está bem explicado em termos científicos. Ou seja, pode dar carinho, pode deixar dormir juntinho que, ao contrário do que se fala no senso comum, não vai deixar os bebês manhosos e sim crianças mais seguras e afetivas.

Um beijo grande e bons sonhos!

Dra. Andréia Mortensen

A natureza do sono do bebê

Após a leitura do artigo "O mau sono do filho pode ser culpa dos pais", publicado no site Guia do bebê em 03/03/2010, gostaria de fazer alguns comentários.

O artigo ressaltou que a raiz de muitos problemas de sono estaria no fato de os pais auxiliarem seus bebês a adormecerem e concluiu que eles deveriam ser treinados a fazê-lo sozinhos.

Tenho algumas críticas a esse raciocínio:

PRIMEIRO, é importante entender que essa inabilidade do bebê de adormecer sozinho, sem ajuda, é de sua natureza. Antes de 2 ou 3 anos não há maturidade neurológica para tal. Então, ao 'treinar' um bebê a adormecer sozinho estamos passando por cima de sua natureza do desenvolvimento, que acontece em fases, em um aprendizado longo e complexo. A matéria parte do princípio de que é preciso condicionar os bebês a não solicitarem aconchego à noite mesmo quando tivessem necessidade, como se uma exigência para um bom sono bom seria apressar a independência do bebê.

SEGUNDO, as funções do choro, do embalo e do apego devem ser levadas em consideração.

O choro - No início da vida, o choro tem um amplo espectro de funções: bebês choram por fome, necessidade de contato físico, frustração, outras necessidades físicas e emocionais. O choro de frustração não pode ser considerado falso por não apresentar uma razão física visível. Experimentos clássicos mostraram que simplesmente pegar o bebê no colo funciona perfeitamente como uma forma de parar o choro, ainda que eles estivessem famintos (1,2). O choro atendido pelos pais tem importância fundamental para a formação de vínculos e estabelecimento do laço afetivo familiar (3).

O embalo - O bebê precisa ter confiança máxima, conforto, segurança e outros sentimentos mais complexos em quem lhe está adormecendo, que levam ao relaxamento relaxamento físico e mental. A mãe acalenta o bebê com um embalo ritmado, lento, afagos leves e ao som de uma melodia delicada e sussurrante de sua voz, e com isso o bebê se entrega e adormece. Deve-se lembrar também que embalar o bebê lhe confere estímulos sensoriais necessários ao estabelecimento do tônus muscular.

O apego - O colo e o apego, em conjunto com o embalo e a amamentação, são fatores críticos para a continuação do desenvolvimento do bebê fora do útero materno. O bebê humano nasce em desamparo e dependência quase absoluta e necessita ser visto e ouvido por sua mãe ou por outra figura de apego primário, de quem procura e espera uma relação recíproca, na qual seus próprios sentimentos iniciais são retribuídos (4). O bebê 'come amor' como se fosse comida e também a sensação de estar rodeado, contido, visto e seguro (5).

Uma criança que se agarra a um adulto não está sendo mimada nem querendo chamar atenção, mas sim está tentando reduzir o seu alto grau de excitação física e seus elevados níveis de substâncias químicas estressantes, como o cortisol e, ao mesmo tempo, tenta ativar as compostos químicos cerebrais que produzem sentimentos de bem-estar, como a ocitocina. Sua mãe é sua 'base neuroquímica' infalível.

Obrigar a criança a ser independente antes de ela estar geneticamente madura para tal é uma provável causa do surgimento de um apego prolongado, enquanto que a criança que recebeu o cuidado amoroso protetor com sua dependência natural reconhecida estará apta a aperfeiçoar suas potencialidades primitivas de crescer, integrar-se, adaptar-se às exigências do ambiente, desenvolver outras relações interpessoais, habilidades sociais, de convivência e aceitação do outro e de preservar a vida.

TERCEIRO, técnicas conhecidas como 'choro controlado' e variações em que o choro do bebê é ignorado não oferecem garantias de noites de sono ininterruptas. Tal fato foi, inclusive, revelado em uma pesquisa recente na qual, apesar de 69% dos pais acreditarem que essa técnica funcionaria, somente 1/6 dos pais disseram que ela eliminou completamente os despertares noturnos. (6)

Ainda, pesquisas revelam que quando a criança cumpre um ano, as mães que haviam atendido rapidamente o seu choro, tinham filhos que choravam muito menos que aquelas que haviam optado por deixá-los chorar (7).

QUARTO, é mito que bebês que são treinados a dormir a noite toda nunca mais acordariam. O bebê muda constantemente conforme seu desenvolvimento e isso interfere em seu sono. Então, é falaciosa a prescrição de soluções eternas para que a criança dormir a noite toda, porque sempre que há mudanças em sua vida (como entrada em escolinha ou mudança de professora, um atrito com amigo na escola, mudança para nova casa, férias, doença, saltos de desenvolvimento e outros) há provavelmente uma causa emocional para a mudança no padrão de sono. Nesses casos, é hora de direcionar todas as atenções a seu filho para que se sinta emocionalmente seguro de as boas noites de sono voltarão.

QUINTO, a pesquisa citada (publicada originalmente em 2009 na revista "Child Development") tem falhas metodológicas e erros de abordagem que não foram citados. Somente 85 famílias foram entrevistadas e isso torna a amostragem não significativa. Além disso, o texto não deixa claro qual foi a porcentagem real de casais que se adequaram às conclusões do grupo (se a margem de diferença for muito baixa, o estudo deve ser refeito com grupo de amostragem mais amplo).

Os próprios autores concluem no final do artigo que, pelo fato de os dados serem baseados em amostras não-clínicas, todas as implicações clínicas devem ser melhor examinadas adiante, em condições clinicas. Os autores ainda discutem que os dados devem ser melhor explorados em outras culturas e em amostras com mais variados status socioeconômicos para testar sua valia em ambientes que tenham diferentes expectativas, filosofias e valores em se tratando de práticas de educação dos filhos em geral e do sono dos bebês em particular.

Portanto, a abordagem dos pesquisadores passou por uma linha de pensamento que não considera diferentes culturas, crenças e individualidades. Os pesquisadores concluem que todas essas são características limitam a generalização dos resultados. Ainda mais, as associações relatadas entre o sono e cognições maternas foram baseadas em percepções subjetivas e podem ter sido influenciadas pela variância do método compartilhado.

Esses aspectos não foram incluídos no artigo que, portanto, não relatou com acuidade o que foi descrito na pesquisa.

FINALMENTE, o artigo publicado continua a oferecer problemas na parte 'Avisos' de hábitos possivelmente perniciosos ao sono.

Alimentá-lo fora do horário? Não é possível, posto que o bebê pequeno precisa mamar em livre demanda para garantir que tenha todas suas necessidades de nutrição e também de sucção não nutritiva saciados. Não há conselho mais prejudicial para o estabelecimento e continuidade da amamentação e, consequentemente, para a saúde dos bebês, do que amamentar com horários predeterminados.

O artigo condena que o bebê durma com seus pais. As conclusões do artigo não consideram bases antropológicas, culturais e tampouco fisiológicas.

O co-leito ou cama compartilhada é algo praticado desde os primórdios da raça humana. A necessidade do bebê humano de estar em contato físico com a mãe vem dos tempos em que o ambiente era perigoso e a sobrevivência dependia de contato direto com sua mãe. Somos parte dessa descendência. Além disso, a cama compartilhada é comprovadamente de auxílio para estabelecimento da amamentação e tem efeitos positivos no estabelecimento de ritmos respiratórios, na regulação de padrões de sono, da taxa metabólica, de níveis hormonais, da produção enzimática (ajudando na habilidade do bebê de lutar contra doenças), na taxa de batimentos cardíacos e no sistema imune (8, 9, 10). Pode também ajudar a atender necessidades emocionais do bebê e da criança mais facilmente, levando em consideração os picos de crescimento, a crise de ansiedade de separação que se inicia por volta dos 8 meses e outras fases que vão além do primeiro e segundo ano de vida, nas quais o contato íntimo com a mãe faz toda a diferença.

Portanto, ter um conceito previamente fechado, contrário a um arranjo de sono, pode dificultar a família a lidar com as necessidades que o bebê e a criança manifestem.

ALGUMAS RECOMENDAÇÕES QUE EU DARIA AOS PAIS SERIAM:

- Investigue em que lugar o bebê dorme melhor: na mesma cama com os pais, no berço em outro quarto, no berço no mesmo quarto porém distante da cama do casal, no berço no mesmo quarto junto à cama? E onde você dorme melhor? Finalmente, onde você gostaria que seu bebê dormisse? A gama de variações possíveis é grande, pode-se tentar alguns dos arranjos até descobrir como toda a família dorme melhor.

- Alterne maneiras de auxiliar o bebê a adormecer, nem sempre mamando (a não ser nas primeiras semanas quando é impossível manter um bebê acordado após as mamadas), nem sempre embalando, às vezes peça para papai entrar na jogada! Ao aprender que pode adormecer de várias formas, é menos provável que o bebê faça associações fortes de sono que podem levá-lo a requerê-las no meio da noite.

- Reconheça os sinais de sono do bebê: esfregar olhos, bocejar, diminuir atividades, ficar irritado, olhar parado, chorar, em alguns casos, gritar. Crie rotinas de acordo com o cansaço e a necessidade de sono da criança (que vai mudando conforme a maturidade), ou seja, uma sequência simples de eventos que ajude a criança a identificar que a hora do sono está por vir.

- As sonecas são importantíssimas para o desenvolvimento do bebê e para o sono noturno. Ao contrário do que se pode pensar, um bebê exausto luta contra o sono e tem dificuldades de permanecer adormecido. Para serem restauradoras, as sonecas diurnas devem durar pelo menos 1 hora, em média, para bebês maiores de 4 meses. Se o bebê não dorme espontaneamente esse tempo e acorda aborrecido, precisa de ajuda para prolongar as sonecas. Você pode usar um sling e deixar o bebê dormir nele. Se ele dorme em berço ou cama, preste atenção: quando acordar, tente colocá-lo para dormir novamente o mais rápido possível. Às vezes, ficar por perto para intervir antes de o bebê acordar completamente é aconselhável. Esse processo pode ser demorado, mas vale a pena, pois o bebê vai aprendendo a emendar ciclos de sono e tirar sonecas mais longas, que são importantes para um bom sono noturno também.

Dra. Andréia C. K. Mortensen



Referências

1- Wolff, P.H. 1987. The development of behavioral states and the expression of emotion in early infancy: New proposals for investigation. Chicago: University of Chicago Press. (1987).
2- Our Babies, Ourselves. How biology and Culture shape the way we parent. Meredith F. Small. Anchor Books. (1998).
3- Tocar: o Significado Humano da Pele. Ashley Montagu. Ed. Summus. (1988).
4- Bowlby, J. (1969,1982) Attachment [Vol. 1 of Attachment and Loss]. London: Hogarth Press; New York, Basic Books; Harmondsworth, UK: Penguin (1971).
5- Babies and Their Mothers : D.W. Winnicott. Merloyd Lawrence. ( 1996).
6- Lynn Loutzenhiser, Regina Leader-Post. Have you been awake all night, trying desperately to put your child back to sleep, or does your little one sleep like a baby? The study is being done in collaboration with a contributing editor to Today's Parent magazine. The survey can be found at http://uregina.ca/~loutzlyn/Research.html. (2009).
7- Margot Sunderland, The science of parenting. DK Publishing Inc. (2006).
8-J. McKenna et al., Bedsharing Promotes Breastfeeding, Pediatrics 100, no. 2: 214-219. (1997).
9- J. McKenna et al., "Sleep and Arousal Patterns of Co-Sleeping Human Mother-Infant Pairs: A Preliminary Physiological Study with Implications for the Study of the Sudden Infant Death Syndrome (SIDS)," American Journal of Physical Anthropology 82, no. 3, 331-347 (1990).
10- A Reasonable Sleep. Evolution suggests that if we sleep with our babies, we might help some of them escape sudden infant death syndrome. By Meredith F. Small DISCOVER 13:4. Medicine. (1992).

Esta página foi publicada em: 18/03/2010.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mais sobre Michel Odent

Olá ,

Como havia prometido, hoje vou colocar algumas ideias do obstetra Michel Odent sobre a fisiologia do parto.
Ele enfatizou muito sobre as formas de ajudar uma mulher no trabalho de parto e como atrapalhar também (às vezes sem querer a gente pode estar sendo mais inconveniente do que imagina!).

Para começar, é interessante entender que nesses momentos de nascimento a mulher precisa se desconectar da função intelectual, ou seja, deixar parte do seu cérebro (neocórtex) quietinho. Hormônios são liberados e ela vai utilizando partes cerebrais mais arcaicas (pituitária e hipotálamo). Seu comportamento pode ficar diferente, ou como Odent falou, "inaceitável". Gritar, ser indelicada, brigar, tudo isso é sinal de que ela está se liberando da parte intelectualizada e entrando mais profundamente no trabalho de parto, com seus próprios recursos.

O que atrapalha (e estimula a parte intelectual):

1- falar com a mulher: mesmo que seja para dizer como está a dilatação ou fazer alguma pergunta. Qualquer conversa nesse momento ativa os pensamentos e a tiram do estado primitivo;

2- luz: com o escuro um hormônio importante é liberado (melatonina) que ajuda a diminuir a atividade intelectual do neocórtex;

3- ser observada e ter sensação de perigo: pessoas que estejam tensas, filmagens,etc podem atrapalhar. O ideal seria estar apenas com a parteira (segundo o próprio obstetra) e alguém que não a faça se sentir julgada e observada, alguém como a mãe ou que passe esta sensação.

4- sentir fome: aumenta a adrenalina. Quando a mulher se alimenta abaixa a atividade do neocórtex, ou seja, dá um soninho e tranquiliza.

Então, já podemos ter algumas ideias de como ajudar uma mulher no seu trabalho de parto ou, pelo menos, não atrapalhar tanto!

Quem quiser pode mandar suas observações, experiências sobre o assunto acima. Seria ótimo trocar informações com vocês.

Beijos

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um grande encontro: Michel Odent em Curitiba


A assistente social Talita em pé, Michel Odent e eu ao lado.

Olá,

Ontem estive em Curitiba participando de um workshop com o obstetra francês Michel Odent. Ele é um dos pioneiros na humanização do nascimento, trazendo inovações como a banheira e quartos que lembram o ambiente familiar. Ele que é originalmente um cirurgião geral, tornou-se parteiro domiciliar e defensor da ideia que as intervenções atrapalham o processo do nascimento.

O encontro foi em tudo muito significativo, conheci profissionais de vários lugares, muita gente de SC. Todos famintos de apoio e realimentação nas suas práticas a favor da humanização do nascimento. O casal Luciana e Mário, donos do Espaço Aobä em Curitiba, nos receberam com muito carinho. Ela sempre carregando seu bebê de 3 meses no sling, me deu saudades dos meus "bebês", agora já bem grandinhos. Também tive a oportunidade de conversar com a psicóloga e doula Talia, que foi a intérprete (incansável). Ela também é a tradutora de um dos livros de Odent e trocar experiências com ela foi muito estimulante. Fui com um grupo da Rehuna de SC - Izabel, Viviane,Andrezza e Talita - que está envolvido com o projeto MANA (parceria HU Fpolis , Rehuna e FNS), que desenvolve atividades com gestantes e rede de apoio em duas comunidades de Florianópolis. Voltei mais animada e com muitas ideias.

Em breve vou trazer alguns tópicos abordados pelo obstetra. Vale a pena conhecer seu trabalho e nos fazer repensar sobre nossas escolhas,sejam elas quais forem. Um aspecto que me chamou muito a atenção é a forma de Odent aborda a humanização. Ele não procura fazer um veu de romance nas suas explicações, nem convercer ninguém. As informações que traz são científicas, produto de muitas pesquisas que mostram a fisiologia do processo de parto. Nos ensinou sobre os hormônios e como são liberados ou inibidos, conforme o ambiente e as atitudes das pessoas que estão acompanhando a mulher no trabalho de parto. Em resumo, nos mostra a capacidade da mulher e um retorno da feminilização do parto.



Enquanto a próxima postagem não vem, algumas referências de livros:

- O renascimento do parto
- A cientificação do amor
- Água e sexualidade
- Gênese do homem ecológico

Boa leitura!!!

Beijos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Postagem do link para massagem

Pessoal,
Infelizmente não consegui postar o link para ir diretamente no youtube assistir a massagem. Prometo que logo que conseguir encontrar alguém que saiba mais do que eu (fácil!!!) , estarei corrigindo esta falha. Desculpem.

Beijos

Massagem Shantala

Oi,

Hoje vamos conversar um pouco sobre massagem. Na Índia, principalmente ao sul, existe uma massagem milenar e tradicional para crianças. Muita gente já ouviu falar nela, a Shantala. Que é o nome de uma indiana que Fredérick Leboyer, médico francês, conheceu por acaso quando visitava o tal país. Ele aprendeu a massagem e trouxe para o Ocidente, batizando com o nome dela.

A shantala pode ser iniciada nos bebês a partir de um mês de idade, devagar e com carinho. Um dos grande benefícios dessa massagem é trazer uma continuidade do contato tão próximo que a mãe tem com seu bebê durante meses. Na barriga existia a massagem dos movimentos da mãe, da sua respiração pressionando e soltando o ventre. Depois que o bebê nasce diminui esses estímulos em seu corpo.

Nem todos os bebês gostam da massagem completa de imediato. Por isso é importante respeitar o seu ritmo, perceber o que ele gosta, começar com pouca pressão. Cmeçar como um carinho para que aos poucos se possa fazer a massagem completa.

Algumas dicas para esse momento especial:

1- ambiente arejado,sem corrente de ar.
2- bebê despido (quando a estação permitir).
3- se estiver frio, aquecer o ambiente.
4- uso de óleo adequado para bebês (consulte o pediatra).
5- evitar de fazer a massagem após uma refeição (isso vale para mãe e para o bebê).
6- se gostar, uma música tranquila.
7- concentração e pensamentos bons quando estiver massageando seu bebê (se estiver indisposta, irritada etc, deixe para outra hora).
8- bebê bem de saúde.
9- prestar atenção na respiração sua e do bebê.
10- banho na banheirinha gostoso depois da massagem, segurando o bebê pelo bracinho e dando apoio no bumbum para ter a sensação de estar flutuando na água. Depois desse relaxamento inicial, prosseguir com a higiene de sempre ( lembrando que é melhor sabonetes e xampu neutros).

O momento do banho pode ser compartilhado com o pai. Onde a mãe faz a massagem e o pai dá o banho.
Em seguida, geralmente, o bebê quer mamar e logo dorme, bem tranquilo. É um ritual delicioso que a nova família pode incorporar no seu dia a dia.

Os bebês que nasceram de cesariana ganham muito com a massagem, pois recebem a estimulação na pele que não tiveram no momento do nascimento com as contrações (em caso de parto agendado) e na passagem pelo canal vaginal.

Ah, a massagem não substitui os colinhos e carinhos durante o dia, ok! É mais um momento especial para fugir da rotina do "troca fralda, amamenta, troca fralda de novo, faz dormir, troca fralda, amamenta,etc"...um momento de atenção e de troca de amor!!!

Aproveitem e depois me contem por aqui. Assistam o vídeo retirado do youtube com a gravação original da própria Shantala massageando seu bebê, sendo filmada por Leboyer em 1976.

Beijos e ótima massagem!!!

Para saber mais:

1- Shantala: uma arte tradicional - massagem para crianças de Frédérick Leboyer Editora Ground.
2-Shantala: massagem, saúde e carinho para o seu bebê de Pier Campadello
Editora Madras

sexta-feira, 19 de março de 2010

Orkut

Olá mães, pais e amigos do blog

Agora estamos no orkut também. Venha visitar o Apoio Materno e nos adicione também. Vocês vão encontrar pessoas ou locais que falam sobre gestação, amamentação, parto e outros assuntos interessantes.

Beijos, aguardo vocês!!!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Votação Change Makers

Mulheres, parteiras, empoderadas, simpatizantes, maridos:

Ajudem o projeto da Parto do Princípio no desafio do Changemakers.
O projeto mais votado receberá ajuda de custo para enviar seu representante ao fórum mundial sobre Maternidade Sadia.
Para se Cadastrar:
- Visite o site www.changemakers.com
- Clique em: entrar ou cadastrar o seu perfil.
- Preencha o formulário..
- Você receberá um e-mail de confirmação no seu endereço cadastrado.

Para Votar (a partir de 17/03):
- Visite a nossa inscrição: http://www.changemakers.com/en-us/node/69423
- Entre com o seu nome de usuário e senha
- Vote

Quanto mais votos, mais chances da PP ser escolhida!

Mais:
Entre nas discussões e dê a sua opinião sobre o trabalho da PP.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Psicoterapia Pré-natal

Olá mães e pais,

A colega Fernanda Barros de Matos, psicóloga de Brasília, escreveu o artigo abaixo sobre as transformações na vida da mulher a partir da gravidez e o nascimento do bebê. Comenta também sobre o trabalho desenvolvido na área da psicologia para acompanhar este período tão especial e cheio de mudanças significativas. Cuidar da mãe e da família na gestação é ,sem dúvida, uma maneira de cuidar do bebê. Boa leitura!!!

- “Estou grávida! E agora? O que eu faço? Será que estou pronta para ter um bebê? São tantas mudanças? Meu corpo está diferente... preciso me cuidar! Tenho que ir ao obstetra. Tenho que me alimentar direito. Vou à nutricionista. Vou fazer hidroginástica, ou quem sabe, yoga para gestantes... Tenho que comprar roupas adequadas a minha barriga... Tenho que fazer o enxoval. Preparar o quartinho do neném. São tantas coisas... O que fazer?”

Numa mistura de alegria e preocupação, a mulher, que recebeu seu exame positivo para gravidez, desejosa ou surpreendida pela mesma, vai se imaginando diante das mudanças que estão por vir, dos planos que precisam ser refeitos, do corpo que se transforma dia a dia, dos afetos e humores que flutuam no mar de distintas e até contrárias emoções. É nesse mar que a psicoterapia alcança uma particularidade: o cuidado da psique de uma grávida, a Psicoterapia Pré-Natal.

Há quatro anos acompanhando semanalmente mulheres durante suas gestações, pude constatar que a psicoterapia adentra principalmente três esferas de suas vidas:

1) Quando uma criança nasce, nasce também uma mãe.
A mulher que era a filha será a mãe! E o que essa mulher conhece do mundo das mães? Quem foi e quem é a sua mãe? Quem verdadeiramente exerceu a função de mãe dessa mulher? O que foi real, imaginário e internalizado do ser mãe? Como é e como será a relação com a sua mãe, agora avó? O que gostará de repetir ou detestará fazê-lo?

2) Há um terceiro chegando em casa.
O dois, o casal, terá que abrir espaço para mais um. Como ficará o relacionamento conjugal? A relação sexual mudará? Quais os antigos e os novos papéis da mulher, enquanto mulher e enquanto mãe? E do homem, enquanto companheiro e enquanto pai? E se a gravidez foi tão inusitada que ainda nem existe o número dois? Será a hora de se comprometer, de formalizar a relação? Ou é melhor aprender a serem mãe e pai separados?

3) Profissão Atual? Mãe.
Qual o trabalho que se realiza hoje profissionalmente? Há Prazer? Como conciliar a maternidade e a profissão? Quantidade versus Qualidade de disponibilidade para vida pessoal e para vida profissional. Qual o tamanho da necessidade de ser produtiva? E gestar uma criança, não é maior produção da humanidade? Como as mudanças da gravidez atingem à carreira? Como controlar as mudanças? Elas são passíveis de controle? O que se pode, o que se deve e o que não se quer mudar no trabalho?

Essas são algumas perguntas trabalhadas em consultório, que estão longe de serem respondidas como a um questionário fechado e racionalizado, pois cada pergunta contém em si uma gama de sentimentos, valores e crenças banhados pela história de vida de cada gestante. E apesar de muitas mulheres responderem-nas ao decorrer da gestação, no turbilhão das tentativas, dos acertos e dos “erros”, fazem-no, muitas vezes, a preços altos e resultados desajustados. Assim, a proposta da Psicoterapia Pré-Natal é fazer do consultório um simbólico útero para desenvolvimento do ser gestante, que está com o seu próprio útero repleto de vida em desenvolvimento.


Fernanda Barros de Matos
Psicóloga Clínica
61 -8115-1502
http://psicoterapiaepoesia.blogspot.com

17 de fevereiro de 2010 05:47

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Grupo de Gestantes e Casais Grávidos: inscrições abertas em Florianópolis




O tempo de gestar uma nova vida também é o tempo da mulher e do casal preparar-se para as mudanças emocionais, físicas, familiares e sociais que chegam bem antes do bebê.

O Grupo de Gestantes e Casais Grávidos traz informações práticas e apoio emocional para que esses momentos tão especiais - antes, durante e após o parto - sejam vividos com o máximo de tranquilidade e confiança.

Cuidar bem das mães é cuidar bem dos filhos


Algumas sugestões de assuntos:

Gestação, Parto e Pós-parto
Maternidade/Paternidade
Amamentação
Cuidados com o bebê
Direitos da mulher
Apoio emocional
Práticas corporais/Respiração/Relaxamento
A música como recurso

Gestantes a partir do 4º mês
Quartas-feiras, das 18h30 às 20h30

Facilitadoras: Juliana Sell - fundadora do Apoio Materno (vide perfil ao lado)
Contato: apoiomaterno@gmail.com

Andrezza Franzoni Alexandre.
Psicóloga graduada na UFSC (CRP 12/09020)
Psicoterapeuta corporal, doula (em formação), facilitadora de grupo de gestantes e cantora.
Contato: andrezza.psy@gmail.com


Endereço dos encontros:
Passiflora Espaço Terapêutico. R. Prof. Marcos Cardoso Filho, 217.
Córrego Grande. Florianópolis, SC. (48) 3024-2250

Envie seu e-mail para maiores informações e inscrições !

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cartilha para gestantes

A reportagem abaixo é muito interessante, traz uma cartilha para gestantes que foi elaborada através de uma pesquisa de uma enfermeira obstétrica. Boa leitura!

Beijos.


Pesquisa de enfermeira da USP constata que futuras mães se submetem ao parto inseguras
Paloma Oliveto

Publicação: 25/01/2010
O resultado positivo no exame de sangue é motivo de comemoração, mas também de muitas dúvidas para as mulheres. Mães de primeira viagem e até mesmo as que já passaram por uma gestação costumam se sentir inseguras, e nem sempre o médico tem tempo para esclarecer os questionamentos sobre todas as etapas da gravidez. O que já era uma desconfiança virou certeza para a enfermeira obstetra Luciana Magnoni Reberte, da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). A partir de uma pesquisa patrocinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ela constatou que, da fase pré-natal ao puerpério, as mulheres recebem pouca orientação sobre as mudanças que vão acontecer na vida delas.

As dúvidas das gestantes estimularam a enfermeira a escrever uma cartilha, vencedora da oitava edição do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde, promovido pelo Ministério da Saúde. Disponível gratuitamente pela internet, a publicação tem como objetivo desmistificar as principais dúvidas acerca da gravidez e, assim, garantir um parto seguro para a gestante.

A cartilha foi elaborada com a ajuda das próprias grávidas. Luciana montou um grupo formado por oito gestantes e quatro futuros pais no Hospital Universitário da USP. “No começo, a proposta era fazer um trabalho sobre os desconfortos corporais e emocionais, mas abrindo espaço para saber quais as dúvidas mais comuns”, conta. Em nove sessões, surgiram diversos questionamentos: desde perguntas sobre alimentação a preocupações com a saúde do bebê. Depois de fazer uma pesquisa em São Paulo, a enfermeira obstetra constatou que não havia nenhuma publicação gratuita totalmente voltada para o esclarecimento de questões práticas. Na segunda fase da pesquisa, ela construiu o texto, que foi aprovado por profissionais da área da saúde e por um grupo de outras nove gestantes.

“Muitas vezes, vi que as mulheres chegavam até mesmo à fase da amamentação sem ter tido nenhuma informação prévia sobre isso. Nem todas as gestantes têm acesso a informações e possuem alta escolaridade. Mas mesmo as que têm costumam ficar cheias de dúvidas”, diz Luciana. Ela afirma que, no geral, as consultas com o obstetra são muito rápidas, e o profissional tende a se concentrar em aspectos mais técnicos, como auferir a pressão da grávida, verificar o colo uterino e auscultar o coração do bebê. “A gestante acaba não tendo abertura para fazer perguntas e, às vezes, o médico acha que ela já sabe tudo”, conta.

A cartilha de Luciana é a prova de que os profissionais muitas vezes desconhecem o grau de informação de seus pacientes. As mulheres que participaram da pesquisa não sabiam, por exemplo, se o pai poderia acompanhar o parto. Outra dúvida foi com relação ao corpo. Uma das gestantes queria saber se a barriga nunca mais voltaria ao normal e também perguntou em quanto tempo poderia voltar a praticar exercícios físicos. A amamentação foi mais um motivo de questionamento: “Se a mãe não amamentar na hora porque está trabalhando, o bebê ainda vai aceitar mamar no peito?”, perguntou uma grávida.

Ansiedade
Há dois anos, a enfermeira Luana Fernandes Souza Belfort coordena os cursos para gestantes oferecidos gratuitamente pelo Hospital Brasília. Por três dias, mães e pais participam de aulas que vão do pré-natal aos primeiros cuidados com o bebê. As grávidas e os parceiros têm palestras sobre psicologia, enfermagem, pediatria, obstetrícia e anestesiologia. Luana conta que todas chegam muito ansiosas, com dúvidas, principalmente, sobre a saúde da criança. “Os pais, agora, também querem saber de tudo, perguntam bastante e querem ajudar”, diz.

De acordo com Luana, para os pais, tudo é novidade; por isso, surgem diversas perguntas. Uma gestante já chegou a questionar se poderia tomar banho de piscina, pois tinha medo de a água fazer mal ao bebê. “Mesmo as que estão na segunda gestação têm muitas dúvidas. É difícil encontrar uma mulher que esteja bem tranquila”, afirma. Mãe de Rafael, recém-nascido, a própria enfermeira, de 27 anos, se tornou ouvinte durante a gravidez. Ao lado de outras mães, ela fez o curso como participante. “Foi bem legal, é uma outra visão. Eu também tinha preocupação com o trabalho de parto prematuro e de o meu filho precisar ir para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo)”, conta. “Eu ficava ansiosa porque tinha muita cobrança. As pessoas achavam que eu não podia ter nenhuma dúvida, mas a gente sabe que a teoria é bem diferente da prática”, admite.

Para a psicóloga Fátima Franco, coordenadora da Clínica Florescer, que oferece cursos para gestantes, a falta de esclarecimento pode comprometer a saúde da mulher e do bebê. “Com o medo e a ansiedade, a pressão sobe, a glicose desregula e há ameaça de parto prematuro”, conta. “Todas essas questões são psicossomáticas”, afirma Fátima, que há 27 anos presta orientação a gestantes e, como doula — acompanhante de partos — , já acompanhou de perto 657 procedimentos.

Segundo ela, o primeiro e o último trimestre são os que mais trazem dúvidas e medos às mulheres. “Nos três primeiros meses, abordamos o medo do desconhecido. As grávidas têm receio de contar para as amigas e sofrerem um aborto espontâneo. Também é preciso falar sobre as mudanças, como o ganho de peso e a falta de desejo sexual”, diz. Já quando o parto se aproxima, elas temem a dor e pela saúde do bebê. “Preparação com exercícios, massagens e respiração correta levam a grávida a ter maior consciência do processo do parto. Dessa forma, o parto fica mais rápido e menos doloroso”, diz. Para Fátima, é fundamental que as gestantes tenham acesso a uma cartilha, na qual possam tirar suas dúvidas.

A enfermeira obstetra Luciana Magnoni Reberte gostaria de ver a sua cartilha sendo distribuída pelo Sistema Único de Saúde. Apesar de o trabalho ter vencido um prêmio do SUS, o ministério ainda não se manifestou sobre a publicação do livro em grande escala. “Tem ocorrido uma procura voluntária, de enfermeiros ou empresários que querem doar para os seus clientes. Mas meu interesse principal é o de socializar a informação”, diz Luciana.

Leia a cartilha Celebrando a Vida, de Luciana Reberte

http://stat.correioweb.com.br/cbonline/2010_01/cartilha.pdf

Viagem a Pelotas II

O segundo momento especial da minha viagem, foi o encontro com uma colega de profissão.
Isane D´Ávila, psicóloga, atende gestantes e mães no pós-parto e acompanhamenta partos (doula). Ela faz parte da Assoc. de Psic. e Saúde Pré e Peri Natal e da La Leche League . Já nos conhecíamos através da lista das "doulas do Brasil" e eu já desconfiava que tínhamos pontos de vista em comum. Não deu outra, falamos durante uma hora sem parar, faltou tempo. Duas mães e com trabalhos semelhantes, muitas trocas!

Quem mora em Pelotas e Jaguarão, ou só quiser conhecer mais do trabalho da Isane, vale a pena acessar o blog:

http://blogdagestante.zip.net

Beijos.

Viagem a Pelotas

Em meados de janeiro viajei a Pelotas para visitar parentes. Teria sido um passeio como nos outros anos, mas houve dois acontecimentos que tornaram minha viagem mais especial.

O primeiro foi o nascimento do meu sobrinhoneto, Artur (filhos de Michele e Alemão). Logo fui me oferecendo para ficar na maternidade e pude acompanhar os primeiros dias da nova família. Foram momentos maravilhosos, as primeiras trocas de fralda, as mamadas, ver o casal se tornando mãe e pai, minha cunhada se tornando avó. Foram momentos marcantes e sinto-me honrada por ter podido participar desta linda estreia.

Um beijo.

P.S. saudades do Artur!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Parto natural é três vezes mais seguro


Existem situações onde a cesariana é indicada, tanto por questões de saúde da mãe , como do bebê. Porém atualmente muitas intervenções cirúrgicas deste tipo estão sendo realizadas sem que haja necessidade. Então vale a pena conhecer mais sobre o parto natural e saber quando a cesariana está sendo sugerida por questão de comodidade ou de saúde. O conhecimento nos leva a fazer escolhas mais conscientes.
Abaixo a matéria que saiu no site do IG, boa leitura. Beijos!!!

Pesquisa da OMS mostra que cesarianas desnecessárias aumentam risco para mãe e bebê

Fernanda Aranda, iG São Paulo | 15/01/2010
Foto: Getty Images

Cesarianas: nas rede privada elas já são 84% de todos os partos
Em meio à epidemia de cesarianas que enfrenta o Brasil, segundo palavras do próprio Ministro da Saúde José Gomes Temporão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de divulgar um novo estudo sobre o risco desta opção cirúrgica, quando feita sem necessidade médica: os partos naturais são quase três vezes mais seguros para mães e bebês.

A pesquisa feita com 107 mil mulheres, todas da Ásia, identificou que quando a criança nasce por meio das cesáreas sem indicação por quesitos médicos, a mortalidade da mãe, a necessidade de fazer transfusão de sangue e o encaminhamento dos bebês após o nascimento para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são 2,7 vezes com mais freqüentes.

O alerta foi feito com base em um índice alarmante: 27,3% das asiáticas avaliadas na pesquisa foram submetidas a cesarianas, taxa alta comparada aos 15% preconizados pela OMS, porém bem inferior ao índice encontrado entre as brasileiras. Do total de partos no País, 43% são cesáreas. Quando na conta entram apenas os procedimentos realizados em maternidades particulares, o registro sobe para 84%, informou ano passado a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Comissão do parto natural

O índice é recordista mundial, afirma o Conselho Federal de Medicina (CFM) e, apesar dos esforços do governo para reduzir as taxas, o efeito foi inverso. O cenário é de aumento de cesarianas já que em 2000, 80% dos partos em unidades privadas em saúde eram deste tipo.

Em muitos casos, lamentam os especialistas, a escolha pela cesárea é por motivos banais. Data de aniversário no mesmo dia do que a mãe, agendas complicadas, mês ou signo preferidos já apareceram como justificativa. Ano passado foi noticiado que alguns casais marcaram a cesárea para o dia 09/09/09 só por causa do ineditismo da data.

A atriz e apresentadora Fernanda Lima foi escalada pelo Ministério da Saúde para tentar ajudar na mudança de quadro. Na época em que estava grávida de gêmeos, ela fez propaganda sobre a importância do parto natural. A causa também virou bandeira do CFM que criou no final do ano passado uma comissão especial para cuidar do assunto.

“Fizemos um fórum em novembro de 2009 e reunimos obstetras, pediatras e mulheres para tentar reverter o quadro, em uma parceria sugerida pela ANS”, afirmou o médico pediatra José Fernando Vinagre, coordenador da Comissão de Parto Natural do CFM. “Já sabemos que para a reversão dos índices precisamos que os hospitais tenham condições de oferecer excelência no atendimento e realização do parto natural. Por isso, este ano, começamos a visitar as maternidades por todo País e vamos fazer uma ampla pesquisa com os obstetras para identificar quais são as principais demandas e falhas atuais”, completou Vinagre. A pesquisa deve ser concluída em julho e a esperança do Conselho e traçar outro paradigma de maternidade.

9 horas contra 90 minutos

Com relação aos médicos, a rotina atribulada de trabalho – mais de 70% atuam em dois ou mais empregos revelou censo feito pelo Conselho de Medicina de São Paulo – pode ser um dos motivos. É sabido que alguns trabalhos de parto chegam a durar nove horas e a maior parte das cesáreas podem ser feitas em uma hora e meia. Apesar disso, as vantagens do parto natural são incalculáveis, informa o Ministério da Saúde.

Estudos internacionais já demonstram que fetos nascidos entre 36 e 38 semanas, antes do período normal de gestação (40 semanas), têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos e, em conseqüência, acabam precisando de internação em unidades de cuidados intermediários ou mesmo em UTIs neonatais. Além disso, no parto cirúrgico há uma separação abrupta e precoce entre mãe e filho, num momento primordial para o estabelecimento de vínculo.

Males da mulher moderna

Entender os motivos que fazem as mulheres priorizarem a cesariana também foi o foco de uma enquete realizada por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Eles acompanharam de perto 23 grávidas que acabaram fazendo cesárea. Ao perguntar a opinião delas sobre o aumento crescente de mulheres que fazem uma cesárea, o principal fator foi o medo das dores do parto e o desconhecimento das vantagens do parto normal. “Algumas mulheres do setor privado destacaram a possibilidade de programar o parto devido à vida agitada da mulher contemporânea, em vez de esperar pela imprevisibilidade do parto normal”, afirmam os pesquisadores nos Cadernos de Saúde Pública, veículo em que o estudo foi publicado.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz 2010

Mães e pais

O Apoio Materno deseja a todos muita paz, saúde e novas realizações em 2010.

Aguardo vocês, no próximo ano, para trocarmos ideias, informações e muita experiência.

Beijos e boas festas!!!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Brinquedos seguros: como evitar acidentes!

O Natal está chegando, época de compras de brinquedos e também de segurança. Muitos artigos apresentam riscos sérios para nossos filhos. Para evitá-los a Ong Criança Segura nos dá dicas importantes.

Beijos e boas escolhas !!!


Atenção na escolha dos brinquedos


Com a aproximação do Natal, inicia a procura pelos presentes que mais agradam a criançada: brinquedos! Mas é preciso atenção, alguns produtos podem oferecer riscos e causar acidentes! Por isso, a CRIANÇA SEGURA alerta para os perigos possíveis e dá dicas para evitá-los.

Os acidentes representam a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Em 2007, segundo o Ministério da Saúde, foram registradas no País mais de cinco mil mortes e 137 mil hospitalizações de crianças e adolescentes com até 14 anos, vítimas de acidentes de trânsito, afogamentos, sufocações, queimaduras, quedas, intoxicações e outros. Entre estes tipos de acidentes, dois deles merecem atenção especial no momento da escolha dos brinquedos e das brincadeiras: as sufocações e as quedas.

No caso de bebês com até 1 ano, a sufocação representa a principal causa de morte em comparação aos outros tipos de acidentes. Isso porque com até dois anos, as crianças ainda estão na fase de descobrir o mundo com a boca e podem engasgar ou sufocar com peças pequenas. Por este motivo, na hora de escolher o brinquedo, é preciso notar a presença de peças miúdas que podem se soltar. É imprescindível verificar a presença do Selo do INMETRO e se a peça escolhida é indicada para a faixa etária da criança que será presenteada.

O uso de substâncias tóxicas como mercúrio e chumbo nos produtos e a presença de arestas ou formas pontiagudas também representam riscos pois podem ferir a criança, causar engasgamento ou intoxicação.

A compra de brinquedos como bicicletas, skates ou patins, pedidos comuns da garotada, também deve estar acompanhada de uma série de cuidados. Os equipamentos de segurança como capacete, joelheiras e cotoveleiras precisam acompanhar estes presentes e os pais devem incentivar o uso. A queda é um risco constante e a principal causa de hospitalização, entre os acidentes, de crianças de 1 a 14 anos. Por este motivo também, o local da brincadeira deve ser escolhido com cautela: longe de carros, piscinas e escadas.


Fonte: Criança Segura

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dicas de CDs

Oi,

Aproveitando o artigo sobre sons na vida intra uterina, abaixo, lembrei de alguns CDs que fizeram parte da minha infância (na versão LP, é claro!) e dos meus meninos.

Para bebês na barriga e fora dela:

- Respirando com o bebê (exercícios de respiração para a futura mamãe)
- Recém-nascido: traz música com fundo de sons intra uterinos, muito legal!
- Mozart para bebês: músicas lindas tocadas em estilo "caixinha de música", os bebês adoram!
Os três fazem parte da coleção Happy Baby, que tem outros títulos interessantes também.

Para bebês, crianças e adultos (relembrarem a infância):

- A Arca de Noé 1 e 2 : músicas de Toquinho e Vinícius, inesquecível!
- Os Saltimbancos: baseado no conto "Os músicos de Bremen", é uma obra de Chico Buarque.

Novidades:

- Adriana Partimpim: a cantora e compositora gaúcha Adriana Calcanhoto fazendo música para crianças, recentemente lançou o segundo CD com esta assinatuta.
- Cocoricó: CD com livro (Ed Melhoramentos e TV Cultura), músicas e histórias. Bem divertido!

Beijos grandes e boa música!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Os sons na vida intra uterina

Olá,

A música é uma parte muito presente na nossa vida. Será que também é para os bebês dentro da barriga da mãe?
Para saber mais sobre sons, música e sensações do feto, leia abaixo o artigo de Maria Lúcia P. W. Bicudo.

Beijos.


O feto é sensível a sons agudos e vibrações intensas, mas também sofre se a mãe está doente, exausta ou intoxicada. Quando o embrião se aninha no útero, tendo seu corpo alimentado pela mãe, como se fosse um de seus órgãos, a sensação de bem-estar é produzida pelos sentimentos de prazer e alegria que a mãe possa estar vivendo. Da mesma forma, se a mãe está triste e estressada, tais sensações podem ser comunicadas para o feto.

O meio ambiente do feto é rico em estimulação acústica proveniente do interior do corpo da mãe através do seu comer, beber, respirar, dos batimentos cardíacos, de suas vocalizações e dos ruídos ambientais atenuados. Porém, o som mais frequente que o feto ouve é o da pulsação da principal artéria abdominal e o segundo mais frequente é o da voz da mãe. A relevância da experiência auditiva pré-natal tem sido demonstrada pelos estudos conhecidos de De Casper e seus colaboradores que provaram a preferência do bebê pela voz familiar de sua mãe, o efeito tranquilizador da exposição ao som dos batimentos cardíacos da mesma após o nascimento e a preferência revelada pelo bebê para ouvir o som de histórias familiares que haviam sido lidas por sua mãe antes do nascimento.

Feijo observou as consequências da associação de um trecho musical apresentado durante doze minutos com relaxamento materno profundo. Esse mesmo trecho foi tocado em intervalos diferentes durante a gravidez. Feijo constatou que o feto respondia muito mais cedo a esta estimulação familiar e interpretou essa reação como uma antecipação do estado de conforto induzido pela estimulação materna. A vibração é o estímulo mais potente e é capaz de induzir mudanças na motilidade fetal, bem como na frequência dos batimentos cardíacos do feto, além de produzir reações aversivas. Vimos que os sons podem afetar e sensibilizar a criança desde a gestação.

Estudos recentes mostram o quanto os pensamento, as palavras, as emoções positivas ou negativas, a música relaxante ou o rock pesado podem modificar os cristais de água. Pesquisadores (Masaru Emoto, pesquisador japonês – o seu trabalho está voltado à investigação das esnergias sutis da natureza e do homem em sua relação com a consciência humana – até o momento não há publicações em português, apenas publicações secundárias) envolveram as amostras de água com papéis, nos quais escreveram a palavra “obrigado” em inglês e em japonês, os cristais resultantes foram perfeitos, belos e luminosos. Já com a palavra “estúpido”, a água não conseguiu formar cristais regulares. Quando a amostra de água ficou exposta à “Sinfonia Pastoral”, de Beethoven ou a uma canção da compositora Enya, os cristais resultantes também foram belos, perfeitos e luminosos, apesar de diferentes. Mas, quando as amostras de água ficaram expostas ao rock pesado ou ao heavy metal, as mesmas apresentaram uma “desustruturação” de seus cristais, um “turbilhão confuso” – imagens de águas poluídas, como diz um pesquisador japonês. Apesar desse estudo se limitar a fotografar os efeitos das palavras, dos sons, dos pensamentos, da música nos cristais de água, se o transportarmos para o líquido amniótico, quais seriam os resultados? Fica claro, até este momento da pesquisa, que o bom e o belo centra e organiza, enquanto o contrário, desestrutura e desorganiza.
Durante a primeira metade da vida fetal, o âmnion cresce mais rápido do que o feto e a medida que este se desenvolve vai adquirindo a sensação vital do batimento cardíaco desse pulsar rítmico que faz fluir o sangue em todo o seu corpo e cuja diminuição acarreta a sensação de falta de oxigenação, de nutrição, de temperatura e de vida. Toda alteração do rítmo cardíaco e, consequentemente, do fluxo sanguíneo através do cordão umbilical provoca estados de estresse ou de alarma fetal.

Nos últimos meses de gestação, o feto cresce e entra em contato com as membranas que o envolvem. O oceano uterino, que antes era um espaço sem fronteiras, agora é um universo limitado onde as costas do feto e o útero da mãe parecem fundidos. O bebê pela primeira vez está envolvido num abraço de carne. Portanto, desde o momento em que o embrião se liga à placenta, imerso no fluído fetal, ele está em contato com as pulsações do batimento cardíaco e com inúmeras sensações vibratórias de movimento e de fenômenos acústicos: o fluxo sanguíneo, sons da respiração, sons das ondas aquosas do líquido amniótico, sons de músicas, sons de vozes, sons que vem do atrito com as paredes uterinas, envolvendo cada vez mais o feto.

Os sons são importantes na vida intra-uterina, assim como a comunicação das vibrações emocionais e os pensamentos da mãe para o bebê. No feto, o coração começa a pulsar antes de o cérebro se formar. Os cientistas ainda não sabem o que exatamente o faz começar a pulsar. Portanto, há no feto um cérebro emocional bem antes de haver um cérebro racional. Assim, comunicar carinho, cuidado e amor faz com que o pequeno ser se sinta mais sereno e equilibrado. Segundo Verney: “ É importante mostrar que os acontecimentos têm sobre nós uma repercussão diferente nos primeiros estágios de vida. Um adulto, e num grau menor uma criança, tem sempre tempo de elaborar defesas e reações. Ele pode amenizar os efeitos do que ele experimenta, coisa de que o feto é incapaz. Nada vem atenuar ou desviar o impacto da experiência. Essa é a razão pela qual as emoções da mãe gravam-se tão profundamente na sua mente e seus efeitos continuam a se fazer sentir com tamta força ao longo da vida.”

Vimos, então, a riqueza e a importância dos sons na vida intra-uterina. A gravidez se transforma em um canal, através do qual as mães começam a se comunicar com a nova vida. É necessário trabalhar a criança desde a gestação com a boa palavra, com a bela música, com cantos que possam harmonizá-la durante o processo gestacional e conscientizar a mãe das mudanças que ocorrem em seu corpo para que ela possa escutá-lo, escutar a respiração, que é um som musical dotado de beleza, pois fala da vida. Por isso, não podemos bloqueá-la, pois deixamos de levar vida ao pequeno ser. Vida é rítmo, portanto, é importante que cuidemos da respiração, das palavras ditas, da nossa voz, das músicas que escutamos, para que o feto possa recebê-las de uma forma harmoniosa. É como se esses sons abraçassem amorosamente o bebê. O trabalho com as mulheres grávidas é algo novo. Algumas pesquisas foram realizadas, principalmente no que diz respeito a ação dos sons nos fetos, mas gostaríamos de ampliá-las. O acompanhamento das mães e dos bebês desde o início da gestação possibilita a verificação da influência dos sons – harmonia, ritmo, melodia - e da importância da voz, do canto e da fala até as crianças completarem dois anos, mesmo se tratando de crianças que nasçam surdas. Os sons sensibilizam todo o nosso corpo e nosso meio, não só os nossso ouvidos. Como afetamos o pequeno ser com a boa palavra, com a nossa verdadeira voz, com a bela música, com os sons harmoniosos? Ouvir boa música, contar histórias, falar a boa palavra são maneiras de interagirmos com o novo ser de uma forma muito mais harmoniosa e completa. As batidas do coração são como mantras para a criança, portanto trabalhar a partir da respiração o maior equilíbrio da mãe, estaremos a trabalhar o maior equlíbrio da criança no útero. Tornar a voz do pai também importante, ou seja, não só a mãe passará a energia da sua voz, mas o novo pai – que estará interagindo desde o início da gestação. Qua as palavras sejam amorosas – é a linguagem do coração!!

* Maria Lúcia P.W. Bicudo, sócia fundadora da ONG Amigas do Parto, é enfermeira, fonoaudióloga e sociológa. O presente artigo faz parte de sua dissertação de Mestrado defendida em Maio de 2005, com o título: “A importância do som, da palavra e da voz na harmonização do ser e sua religação com o sagrado. Por uma nova releitura da Fonoaudiologia”, publicada em Setembro de 2005: “A importância do som, da palavra e da voz na harmonização do ser”. São Paulo, Ed. Altana.
E-mail: mluciabicudo@uol.com.br

BIBLIOGRAFIA

1. A.J.Decasper; W.P. Fifer. Of human bonding. Pp1174-1176.
2. J. Feijo. Le fetus, pp.192-209.
3. Thomas Verny. A vida secreta da criança antes de nascer, p.13�

Texto original no site: ONG Amigas do Parto

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Rádio

Olá,

Esta semana recebi um convite muito especial. A psicóloga e apresentadora Juline Aldarê Silveira tem um programa na rádio comunitária AM 1110 (Florianópolis), chamado "Ser e Conviver". Foi uma conversa agradável, onde falamos sobre mudanças na gestação, cuidados na gestação(alimentação, exercícios etc), apoio familiar, cuidados com os seios para amamentar,pós parto, visitas, parto humanizado, algumas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) no parto, vantagens do parto natural para a mãe e para o bebê, suporte emocional para a mãe etc.

Foi um prazer participar do programa, levantamos vários assuntos interessantes que penso em abordar aqui no blog.

Um beijo grande.

PS. Para maiores informações sobre o programa entrar em contato com a psicóloga clínica Juline Aldarê Silveira, e-mail: juline@intercorp.com.br

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

AO NATURAL: Bebês que nascem em casa

Oi,

Hoje saiu no jornal Diário Catarinense uma matéria bem interessante sobre parto em casa. Esta é uma forma de nascimento que está voltando a ser procurada cada vez mais. Percebe-se uma busca pelos atendimentos humanizados, com respeito ao ritmo do trabalho de parto, sem intervenções desnecessárias na parturiente e bebê. Em Florianópolis existem profissionais preparados e experientes nessa área.
Então, abaixo está o artigo. Boa leitura !
Beijos.


Números de nascimentos em domicílio em SC chama a atenção em pesquisa do IBGE. Em muitos casos, é por escolha dos pais

Dos 83.759 bebês que nasceram no ano passado em Santa Catarina, 142 vieram ao mundo em casa. A informação pode ser pinçada de uma extensa pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dessas 142 crianças, 21 nasceram em Florianópolis, onde maternidades estão ao alcance de todos. Nara Rosa é uma dessas crianças. Na tranquilidade de sua casa, no Canto da Lagoa, seus pais, Gabriel e Renata Siqueira, receberam a primeira filha.

Quando souberam da gravidez, eles já pensavam na possibilidade do parto domiciliar. Mesmo assim, conferiram todas as opções, entre elas, as mais convencionais, em hospitais e clínicas. Por meio de amigos que já haviam tido filhos em casa, tiveram contato com um grupo que faz o serviço e decidiram que era o melhor jeito para eles.

Também ficaram surpresos com as pessoas que encontraram nas reuniões durante os meses de gravidez. Esperavam gente de estilos de vida mais alternativos, mas encontraram vários públicos, de várias idades. Para Renata, o processo domiciliar colabora para que a mulher deixe a natureza trabalhar normalmente:

– O parto é um ritual de passagem para a mulher, que deixa de ser filha para ser mãe, e o parto em casa respeita a sacralidade disso.

A equipe de enfermeiras havia visitado o casal antes e já conhecia a casa. Quando chegou para o parto, já sabia como seria, da banheira de água quente ao café para a mãe.

Gabriel ressalta que, quando começaram as contrações, ao invés da espera convencional num hospital, Renata passeava no quintal.

– Quando há a possibilidade, se a gravidez não for de risco, eu recomendo a todo mundo fazer assim – diz Renata.

Uma das amigas para quem ela recomendou foi a vizinha Isadora de Lima Borges, que esperava a terceira filha, após dois nascimentos em hospitais. O segundo, Bento, havia sido com cesariana, apesar de Isadora preferir o parto natural. Quando Ana nasceu, há um ano e um mês, o parto foi em casa. A mãe destaca a sincronia do grupo de enfermeiras, que trabalhava com pouca luz e falando baixo entre si. Assim, explica, conseguia concentrar-se mais.

– Não sei se é porque a mãe estava mais calma, mas a Ana também era mais calma, desde o começo – lembra.

Isadora conta que o médico tinha todo o equipamento para eventuais urgência e, em caso de imprevistos, poderia atender mãe e bebê na própria casa. O parto durou 16 horas.

Matéria publicada no Diário Catarinense: 26 de novembro de 2009 | N° 8635

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dicas de Prevenção: Cuidados com o bebê

Olá mães e pais,

Esses dias assisti uma entrevista na TV sobre prevenção de acidentes na infância. Foi dessa forma que conheci a ONG Criança Segura. Abaixo vocês podem ver um artigo muito interessante sobre prevenção com bebês e nos links tem o endereço do site. Vale a pena ler!!!

Beijos.


Agora que vocês são pais, vocês provavelmente estão mais cuidadosos e querem proteger seus filhos de todas as ameaças que podem existir "lá fora". Mas, e os perigos que estão próximos ou em casa? Itens aparentemente inocentes, como a torneira do banheiro ou o botão perdido das suas camisas, de repente, têm uma grande importância, quando um bebê tem que ser cuidado. Até mesmo produtos feitos para ninar ou entreter sua criança podem, às vezes, ser perigosos.
Sabia mais sobre medidas de segurança que irão ajudá-lo a deixar o ambiente do bebê mais seguro.

Como proteger o seu bebê dos acidentes:

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Bebês devem dormir em colchão firme de barriga para cima, cobertos até a altura do peito com lençol ou manta que estejam presos embaixo do colchão. O colchão deve estar bem preso ao berço (não mais que dois dedos de espaço entre o berço e o colchão) e sem qualquer embalagem plástica.

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Seja especialmente cauteloso em relação aos berços usados. Procure berços certificados conforme as normas de segurança do Inmetro. Fique atento aos espaços das grades de proteção do berço, elas não devem ter mais que 6cm de distância entre elas.

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Remova todos os brinquedos e travesseiros do berço quando seu bebê estiver dormindo, para reduzir o risco de asfixia.

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Compre somente brinquedos apropriados para o seu bebê. Brinquedos pequenos e partes de brinquedos podem engasgar as crianças- verifique as indicações de idade do selo do Inmetro. Tenha certeza de que o piso está livre de objetos pequenos como botões, colar de contas, bolas de gude, moedas, tachinhas. Tire esses e outros pequenos itens do alcance de seu bebê.

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Tenha certeza de que materiais de limpeza, remédios e vitaminas estão trancados e longe do bebê. Tire plantas venenosas do alcance.

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Considere a compra de cortinas ou persianas sem cordas para evitar que crianças menores corram o risco de estrangulamento.

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Nunca deixe as crianças, sem vigilância, próximas a pias, vasos sanitários, banheiras, baldes e recipientes com água. Esvazie-os logo depois de usá-los. Guarde baldes e recipientes de cabeça para baixo.

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A maioria das queimaduras com bebês, especialmente entre as idades de seis meses a dois anos, são causadas por comidas quentes e líquidos derramados na cozinha. A água quente da pia e da banheira é também responsável por muitas queimaduras em crianças; essas tendem a ser mais graves e cobrem uma porção maior do corpo do que as ocasionadas por outros líquidos quentes

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Sempre teste a temperatura da água do banho, usando o dorso da mão ou o cotovelo, movimentando a água de um lado para o outro.

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Evite carregar comidas ou bebidas quentes próximas de seu bebê.

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Não use toalha comprida na mesa. O bebê pode puxá-la e derrubar utensílios e líquidos quentes.

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Não use andador com rodas, prefira o cercado (chiqueirinho).

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Instale telas ou grades nas janelas e sacadas. Nunca coloque berços ou outros móveis próximos de uma janela.

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Procure adquirir móveis com pontas arredondadas ou considere o uso de pontas de silicone (protetores de quinas) vendidas em lojas especializadas de bebê.

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Evite móveis com vidro ou outro material que possa quebrar e cortar.

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Mantenha uma mão em seu bebê enquanto você troca as fraldas. Não deixe seu bebê sozinho em mesas, camas ou outros móveis.

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Em uma colisão, uma cadeirinha de segurança instalada e usada corretamente reduz em 71% o risco de um bebê morrer. Entretanto, é estimado que a maioria das crianças está sendo transportada no carro desprotegida ou de forma incorreta. Use a cadeirinha em todas as viagens, desde a saída da maternidade. Bebês devem viajar no bebê-conforto, instalado de costas para o movimento do veículo, até completarem um ano de idade e pesarem pelo menos 9 Kg. Nunca coloque a criança no banco da frente de um carro. Consulte o Guia da Cadeirinha.

Saiba mais

Sufocação - pode ocorrer enquanto o bebê está dormindo, quando seu rosto fica encoberto no lençol, travesseiro ou outra roupa de cama macia. As grades do berço também podem ser uma ameaça causando mortes por estrangulamento e sufocação. Quando estão na fase de descobrir o mundo com a boca, os bebês ainda podem se engasgar com partes e/ou brinquedos pequenos, comidas e outros pequenos objetos.

Envenenamento - Crianças com até dois anos de idade correm maior risco de um envenenamento não intencional. Produtos de limpeza e medicamentos são riscos significantes. Bebês podem se envenenar respirando a fumaça de fumos. Preste atenção com plantas, verifique antes de comprá-las se são seguras para suas crianças.

Afogamento – grande parte dos afogamentos com bebês acontece em banheiras. Na faixa etária até dois anos, mesmo vasos sanitários e baldes podem ser perigosos. A primeira causa de afogamento com crianças é a falta de supervisão – geralmente por questão de segundos.

Veículos automotores – Em uma colisão, uma cadeirinha de segurança instalada e usada corretamente reduz em 71% o risco de um bebê morrer. Entretanto, é estimado que a maioria das crianças está sendo transportada no carro desprotegida ou de forma incorreta. Consulte o Guia da Cadeirinha.

Quedas – Entre as principais associações de quedas com bebês estão os móveis, escadas e andador. Este último é responsável por mais acidentes que qualquer outro produto infantil destinado a crianças entre 05 e 15 meses – a maior parte das lesões resultam de quedas em escadas ou simplesmente por tropeços quando estão no andador.

Queimaduras – A maioria das queimaduras com bebês, especialmente entre as idades de seis meses a dois anos, são causadas por comidas quentes e líquidos derramados na cozinha. A água quente da pia e da banheira é também responsável por muitas queimaduras em crianças; essas queimaduras tendem a ser mais graves e cobrem uma porção maior do corpo do que as ocasionadas por outros líquidos quentes.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O gostoso desafio de amamentar o filho adotado


Olá,

Vejam que interessante a matéria abaixo. Foi escrita pelo Dr. Marcus Renato de Carvalho do Rio de Janeiro, coordenador da Clínica Interdisciplina de Apoio à Amamentação


Isto mesmo que vocês estão pensando, uma mãe que acaba de adotar um recém-nascido pode tentar amamentá-lo, caso deseje, esteja disponível e tenha apoio de profissional de saúde capacitado na técnica de "lactação adotiva" ou de "indução ao aleitamento materno".

Mesmo sem o estímulo prévio dos hormônios da gestação, uma mulher pode chegar a produzir leite através do método para a reindução da lactação. Este processo exige grande motivação por parte da recém mãe e apoio profissional constante. Este esforço é amplamente recompensado ao oferecer à mãe adotiva a grata experiência de amamentar seu filho, não sendo mesmo difícil chegar ao aleitamento exclusivo.

Na mulher com a amamentação induzida, a mama não experimenta as transformações mamárias próprias da gestação, o que resulta um mamilo não pigmentado, mais sensível, podendo irritar-se facilmente. O ideal, então é que este mamilo e esta aréola sejam preparados com exercícios e banhos de sol. No caso da nova mãe haver amamentado antes, pode-se observar a presença de leite já nos primeiros 7 dias; se é sua primeira experiência, este aparece em geral durante a segunda semana, dependendo de quantas vezes o lactente é colocado ao seio para estimulá-lo. Nas mães adotivas a produção de leite segue aumentando ainda até o sexto mês. A maioria destas mulheres consegue amamentar seus filhos adotivos com seu leite pelo menos a metade das suas necessidades. Na lactação adotiva, o essencial para produzir leite, é o estímulo freqüente da mama, que pode aumentar com a ordenha manual ou pelo emprego de adequadas bombas elétricas de extração. O estímulo da sucção aumenta os níveis de Ocitocina e Prolactina na mulher e como efeito secundário podem ser observadas irregularidades ou ausência de menstruação, o que comprova que o processo está indo bem. Usamos alguns medicamentos que aumentam a prolactina como os antagonistas da Dopamina - Fator de Inibição da Prolactina. Também temos uma boa experiência com algumas substâncias homeopáticas.

A dificuldade deste processo não é a recuperação da produção de leite, senão conseguir que o lactente succione de uma mama sem leite. Com este objetivo pode-se gotejar leite sobre a região da aréola quando o lactente inicia a amamentação por meio de um conta-gotas. Outra possibilidade, melhor, é oferecer leite por meio de uma sonda que por um lado está conectada a um recipiente com leite e sua outra extremidade é introduzida na boca do lactente junto com o mamilo, de tal maneira que ao mamar, o lactente obtém leite da sonda e por sua vez desencadeia os reflexos de produção e ejeção do leite. Há suplementadores importados e caros no comércio, porém podem ser montados facilmente com um copo comum e uma sonda (oro ou naso gástrica) fina ou um finíssimo tubo de plástico.

Nestes casos devem-se controlar de forma periódica, as evacuações, diurese e o peso do lactente, para reduzir o suplemento de forma progressiva até suspendê-lo quando a mãe recupere sua produção de leite.

É fundamental que as mães adotivas aumentem sua ingestão calórica, já que elas não contam com a reserva de gordura que a puérpera geralmente apresenta, para cobrir os requerimentos energéticos da produção de leite.

Vale à pena tentar!


Publicado originalmente no www.aleitamento.com

Autor: Marcus Renato de Carvalho
Data: 30/4/2007

domingo, 22 de novembro de 2009

Evento Projeto MaNa/ Rehuna SC


Olá,

Ontem fui assistir o "Encontro sobre Direitos de Saúde na Gestação e Parto" no Alto da Caieira, bairro de baixa renda de Florianópolis/SC.
A promoção faz parte do projeto de extensão "Práticas Corporais para o Bem-estar na Gestação" do Grupo MaNa, o qual faço parte.
Os temas tratados foram: orientações do MS e OMS sobre atenção à saúde da mulher na gestação e parto; apresentar o projeto (que conta com grupos de gestantes na comunidade) e debater as dificuldades que as gestantes encontram no atendimento nos centros de saúde e maternidades. O objetivo maior era mostrar os direitos que as mulheres tem e pensar junto com a comunidade formas de fazer valer os mesmos.
O encontro foi organizado por uma parte da equipe do projeto, sendo duas assistentes socias, uma socióloga e uma educadora física e contou com a presença, na apresentação, de duas enfermeiras do Hospital Universitário.

Foi ditribuído um folder interessante com telefones de ouvidorias de serviços de saúde de Florianópolis e SC:

HU-UFSC: (48) 3721-9955
Maternidade Carmela Dutra (ouvidoria da Secretaria do Estado de Saúde): 0800-482 800
Postos de Saúde e Policlínicas (ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde): (48) 3239-1537 ou 0800-482800
Promotoria da Saúde de SC: (48) 3229-7563 (das 13:30 às 17:30 h)

Tanto nos serviços particulares como públicos é importante a gestante e seu/sua acompanhante saberem dos seus direitos para garantir qualidade e humanização nos atendimentos. Em breve volto a falar sobre esse assunto.

Beijos grandes !!!

Evento do Grupo MaNa - Maternando o Nascimento
Uma parceria: HU-UFSC Rehuna
Apoio: Marista MS

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Conte sua experiência !!!

O Apoio Materno pretende ser também um espaço de trocas de experiências entre mães e pais. Para tanto convido você a escrever algo sobre sua gestação, adoção, parto, pós parto, o bebê, dúvidas, acertos, curiosidades, medos, enfim, o que quiser compartilhar com a gente. Será um prazer saber um pouco da sua história!

Escreva e mande para apoiomaterno@gmail.com publicaremos nas postagens.

Um grande beijo.

O Mundo do Recém Nascido

PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR

Conteúdo: Crescimento e Desenvolvimento da criança de O há 6 anos.
O Mundo do Recém Nascido

Material transcrito e readaptado
do “Manual do Bebê” por
Maria Helena Capelli


As Suas Primeiras Proezas.

Uma criatura frágil e indefesa... Assim parece ser um recém-nascido assim que chega ao mundo. Mas é uma impressão errada, se você pensar em tudo o que ele soube enfrentar no momento do nascimento. Aliás, um momento de grande stress, físico e emotivo. Imagine só: durante nove meses, seu bebê esteve envolvido pelo líquido amniótico, os rumores externos mal chegando a perturbá-lo, seguro e tranqüilo dentro do seu útero... E de repente, ele se vê em um ambiente totalmente novo, luz no lugar da penumbra, ar no lugar da água, barulhos no lugar do silêncio. Estímulos tão diversos que o obrigam a ter uma resposta imediata. Cada bebê é capaz, desde os primeiros instantes de vida, de interagir com o mundo que agora o acolhe. Em frações de segundos, tudo se revoluciona, e para sobreviver a uma mudança assim tão repentina, ele reage de impulso, em um modo perfeito. São as chamadas respostas instintivas, que fazem com que ele saiba respirar, chupar, interagir de imediato com o novo ambiente que o rodeia.
As cinco respostas instintivas: a primeira e mais extraordinária é a respiração, anunciada pelo choro impetuoso e agudo. Assim que nasce, o ar penetra nos pulmões fazendo com que estes se expandam, ampliando a caixa torácica. Ao mesmo tempo, o sangue percorre os capilares que irrigam os alvéolos pulmonares, dando prosseguimento à circulação coração-pulmão. Outro rápido mecanismo instintivo é o reflexo de sugar, já visto muito antes de seu nascimento durante alguma ultra-sonografia, quando o surpreendemos chupando o dedinho, e que agora o fará sugar sem nenhuma dificuldade o seio materno ou o bico da mamadeira. Outro reflexo instintivo é o de caminhar... Se você erguer seu bebê segurando-o sob os braços, mantendo-o em posição ereta sobre uma superfície dura, ele automaticamente inicia uma caminhada... Mas não se iluda, é somente uma impressão, um movimento absolutamente instintivo. O reflexo de segurar é outro que ele nasce sabendo instintivamente... É só colocar seu dedo na palma de sua mãozinha que ele o segurará com bastante firmeza. Por último, temos o chamado reflexo de Moro (pediatra alemão que estudou este mecanismo em 1918) que é uma resposta instintiva quando o bebê se sente desequilibrado e em perigo. Esta reação acontece, por exemplo, quando levamos o bebê ao berço e se não segurarmos com firmeza sua cabeça, ele tem a sensação de estar caindo, e instintivamente abre os braços e flexiona o pescoço para trás, tentando assim manter o equilíbrio.
Respostas Instintivas aos Seus Estímulos.

Assim que Nasce:
As Respostas Instintivas aos seus Estímulos
Se você tentar: Ele reage assim:
1) tocar de leve o seu nariz
2) iluminar de repente com uma luz forte
3) bater as mãos a uma certa distância 1) aperta os olhos
1) ergue-lo sem segurar sua cabeça
2) tocá-lo de repente 1) deixa cair a cabeça para trás, e flexiona o pescoço
2) abre braços e pernas (reflexo de Moro)
1) colocá-lo em pé segurando-o pelas axilas, inclinando-o levemente para frente com os pés apoiados uma superfície dura 1) faz movimentos automáticos de caminhada
1) colocá-lo sentado 1) arregala os olhos
2) endireita as costas
3) tenta, em vão, manter a cabeça erguida (reflexo de boneca chinesa)
1) tocar de leve a palma de sua mão com um dedo 1) tenta agarrar o seu dedo com firmeza
1) tocar de leve a base do seu pé 1) abre os dedos do pé
2) estica o polegar para cima
1) acariciar sua bochecha ou o canto da sua boca 1) vira a cabeça de lado
2) abre a boca
3) faz movimentos com a língua na tentativa de sugar

1) deitá-lo de barriga para baixo sobre uma superfície plana 1) vira a cabeça de lado
2) tenta erguer-se com os braços
3) faz movimentos como se tentasse engatinhar
1) colocar alguma coisa na sua boca ou nariz l) vira a cabeça de lado
2) cruza os braços na frente do rosto
3) move a boca com força
Como Usa os Cinco Sentidos?

Durante muito tempo, se pensava que um recém-nascido fosse capaz somente de comer e dormir. Mas os estudiosos do comportamento dos recém-nascidos, pouco a pouco desvendaram o mundo das sensações que um bebê é capaz de perceber, além das formidáveis habilidades instintivas.
Como ele nos vê? Logo depois do nascimento, os seus olhos estão inchados e vermelhos, e isso é normal tendo em vista as contrações que todo o seu corpo teve que sofrer durante o parto. Mas depois de alguns dias, seu rostinho estará relaxado, suas pálpebras desinchadas, e seus olhinhos começarão a focalizar o mundo. Mas a sua visão é ainda indistinta, conseguindo focalizar somente aquilo que está próximo ao seu rosto, aproximadamente uns 20 a 25 centímetros além da ponta de seu nariz (note que o que ele precisa ver neste momento de sua vida está bem próximo de seu rosto: o seio e o rosto materno). Muitas pesquisas demonstraram que um recém-nascido é mais atraído pelos objetos em movimento do que pelos estáticos, pelas linhas curvas do que pelas retas, pelas formas complexas do que pelas simples.
Como ele nos ouve? A audição é muito mais desenvolvida que a visão. Principalmente porque, nos últimos meses de gestação, ele podia ouvir perfeitamente bem o bater do seu coração, o timbre da sua voz, e conseguia distinguir certos barulhos externos. Preferem os sons ritmados (como os dos móbiles musicais), e se sentem incomodados pelos sons mais fortes e agudos. Mas o que ele mais gosta de ouvir é a voz humana, principalmente a da mãe, que ele já consegue reconhecer minutos depois de seu nascimento.
Que odores ele percebe? Alguns estudos comprovaram que um recém-nascido desde os primeiros dias de vida tem um bom nariz (fazendo-o sentir dois algodões embebidos um no leite materno e outro em um leite diferente, o bebê não terá dúvidas, virando de imediato a cabeça para o lado do primeiro algodão). E é surpreendente a rapidez ou o instinto com que ele aprende a reconhecer o cheiro da pele de sua mãe, mostrando o quanto é profundo o laço mãe-filho.
Que sabores ele reconhece? Como já foi dito no capítulo sobre a Alimentação, um recém-nascido consegue distinguir perfeitamente bem os sabores básicos: amargo, doce, salgado e ácido. E que também ele tem uma predileção natural pelo sabor doce, principalmente devido a sua alimentação, nos primeiros meses de vida, ser à base de leite.
Que sensibilidade tátil ele tem? O tato é um sentido aguçado desde o nascimento. Durante o parto, a pele de um bebê recebe estímulos continuas que ativam as terminações nervosas, e o repentino contato com o ar cria novas percepções sensoriais, geralmente não muito agradáveis, pois mesmo com o aquecimento da saia cirúrgica, ele ressente muito a diferença de temperatura.

Programa Primeira Infância Melhor - PIM/SES
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Fone: (55 51)32885888/5955
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cuidando-se no pós parto

Olá queridas,

O pós parto é um período que grandes transformações, no corpo da mulher, na sua relação com seu companheiro, familiares e consigo mesma. No centro disso tudo está a sua relação com o seu bebê, crescendo o amor a cada dia e iniciando uma relação forte e profunda.

Junto a isso, muitas visitas podem aparecer. Também pode haver filhos maiores querendo atenção, casa por limpar...chega! Respire fundo. Vamos conversar sobre dicas simples, muitas vocês já sabem, mas podem ter esquecido e o importante agora é CUIDAR-SE BEM para poder cuidar bem do seu bebê.

Antigamente se falava muito de fazer o "resguardo", o tempo passou ,mas ainda é uma dica valiosa. Trata-se de um período de 30 a 40 dias onde mulher fica sendo cuidada, resguardada de fazer esforço físico, podendo concentrar sua atenção ao bebê. Nesse resguardo pense em:

1- Quando o bebê dormir, aproveite para relaxar e dormir também. Deixe outras tarefas para depois, seu corpo precisa de sono para se recuperar e ter energia para cuidar do bebê.

2- Beba líquidos sempre que sentir sede, não demore a atendar seu corpo. Ajuda na amamentação e também para seu funcionamento intestinal.

3- Alimentar-se bem é fundamental, se possível 6 refeições ao dia para não passar grandes períodos sem comer nada. Lembre-se da "aeromoça" (texto mais abaixo), a mãe precisa estar bem alimentada porque gasta bastante energia (cuidar do bebê, amamentar e recuperar-se do parto). Dê muita atenção ao almoço, comendo alimentos bem nutritivos.Ah, lembre-se de comer alimentos com fibras, seu intestino agradece.

4- Evite fazer esforço físico. Peso só o do seu bebê.

5- Peça ajuda, principalmente para cuidados com a casa. Isso outras pessoas podem fazer por você.

6- Mesmo querendo cuidar 100% sozinha do seu bebê, não negue compartilhar com seu companheiro ou pedir ajuda. Você pode ser a principal cuidadora, mas às vezes vai precisar ir ao banheiro, comer tranquilamente ou mesmo dormir.

7- Tente achar um tempinho para conversar com seu companheiro sobre as mudanças na vida de vocês. Se for solteira, vale encontrar uma boa amiga ou familiar.

8- Valorize-se: você está fazendo algo muito importante !!!

9- Caminhar aos pouquinhos ajuda na recuperação do corpo.

10- Com as visitas: preocupe-se mais com você e seu bebê. Secretária eletrônica, alguém para ajudar a receber as visitas, avisar dias e horários adequados. Todos estão curiosos e felizes com o nascimento. Porém, sinta-se à vontade para deixar a sala para amamentar sozinha no quarto, avisar que está cansada, ficar com o bebê com você e não no colo de cada que vem visitar.

11- Tenha carinho pelas suas dúvidas e temores. Você não conhecia seu bebê, não é mesmo? Então, saiba que aos poucos você entenderá bem os seus choros e vontades, sua intuição estará cada vez mais aprimorada. Dê tempo ao tempo. Paciência consigo mesma, sem se culpar por não adivinhar o "manual do bebê".

12- Se precisar, busque ajuda profissional. O que importa é você sentir-se bem!

Um beijo bem grande.

sábado, 14 de novembro de 2009

Pós parto

Enfim a espera acabou! O bebê nasceu, vocês estão finalmente em casa e começa a nova aventura.

Estamos falando do pós parto. Período de grandes descobertas, de iniciar um novo formato de família, de conhecer verdadeiramente seu bebê e fazer a transição para o papel de mãe.Junto a tudo isso o corpo também está passando por mudanças fisiológicas importantes.

Cada mulher vai passar pelo pós parto de sua maneira, umas sentindo mais outras menos as variações emocionais e físicas desse período. Mesmo assim é interessante saber que não estamos sozinhas nessa caminhada, que alguns aspectos são comuns a todas.

Fisiologicamente, os hormônios vão mudar muito, parecendo uma TPM. Os seios podem estar doloridos com a descida do leite e haverá um sangramento que dura em torno de 10 dias, assemelhando-se a menstruação. Pode haver algum desconforto no períneo (em caso de parto vaginal) ou na cicatriz (no caso de cesariana). A barriga antes tinha um bebê e agora está ainda um pouco destendida e os órgãos estão voltando ao lugar, por isso a sensação de estar solta.

No lado emocional, a mulher pode sentir-se muito animada e feliz com nascimento do bebê e em outros momentos também sentir-se confusa e triste. Tudo isso faz parte da adaptação. Pode também sentir um vazio, estar assustada com a grande responsabilidade e com a sensação de que não dará conta, sem saber o que é certo ou errado para atender seu bebê. Calma! Nada de se culpar! Nem todas passem por isso, mas vale a pena saber que essa montanha russa emocional pode acontecer e tendo apoio, carinho pelos seus conflitos e paciência, tudo vai se resolvendo.

Na próxima postagem veremos algumas dicas práticas para transitar por esse período.
Por enquanto é importante lembrar que tudo passa e logo você e seu bebê estarão interagindo cada vez melhor e que estar nessa aventura de ser mãe é ótimo!

Beijos de uma “ex puérpera”.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Recém nascido também é gente!


Dr. Flávio Zenun


A assistência ao recém nascido é uma área relativamente nova na Pediatria. Técnicas de tratamento e prevenção de doenças em recém nascidos foram e continuam sendo desenvolvidos com grande rapidez.

Agora, ao lado deste desenvolvimento técnico, está havendo a tendência de “humanizar” este atendimento. O recém-nascido deixa de ser um caso, sendo visto como pessoa.

Muitas pesquisas estão se preocupando com aspectos antes esquecidos. Por exemplo: o efeito do barulho dos motores das incubadoras; a dor que o recém-nascido sente nos procedimentos mais agressivos; o efeito da presença e carinho da mãe para o prematuro internado e assim por diante.

Quanto ao recém-nascido normal, a principal mudança que se almeja é a implantação, na prática, do sistema de alojamento conjunto, sistema que evita a separação entre mãe e filho durante a internação hospitalar, aumentando o sucesso do aleitamento materno. Além de propiciar que a mãe seja instruída sob os cuidados com o recém-nascido. Mas a implantação deste sistema enfrenta dificuldades na estrutura hospitalar e na aceitação das pessoas.

A falta de sensibilidade com o recém-nascido não é notada só no hospital. Ela esta presente em nossa cultura, onde o nenê não é visto como um ser capaz de “sentir” o ambiente que o rodeia, o que é um grande engano - (veja o quadro logo abaixo).

Sim, o recém-nascido é capaz de se estressar, quando esgotam sua paciência. Assistindo o filme “Olha quem esta falando”, de Any Heckerling, dá para imaginar algumas cenas em que o RN esbravejaria contra algumas situações. Logicamente que pais, familiares e visitas não querem mal à criança, mas não há como não imaginar que ela sofra com alguns dos seus primeiros “contatos sociais”.

Qual mãe não se lembra daqueles dias no hospital quando o quarto se enchia de gente e ela queria descansar e entrosar com seu filho e não podia? E aquele parente que chega fumando, entope o nariz do nenê e vai embora?

E aquela visita que insiste em pegar a criança com as mãos não lavadas?

E o vovô que fala alto, liga a TV, comenta o jogo e acorda um recém-nascido que levou horas para conseguir dormir?

E aqueles comportados priminhos que fazem tudo o que é arte para aparecer mais que o RN, além da birra para pegar um pouquinho o primo que só queria mamar, dormir e ter sossego?

E aqueles que estão gripados, mas fazem questão de dar um passadinha para a obrigatória visita?

Depois de vários anos assistindo o nascimento de crianças, consegui “ouvir” de um deles (talvez um futuro pediatra), os mandamentos que transcrevo. Com isto não pretendo dar a última palavra sobre o assunto mas simplesmente lembrar o óbvio: o recém-nascido não é adulto. Lembrando-se disto, certamente teremos mais cuidado com ele.

ALGUMAS CAPACIDADES DO RECÉM NASCIDO COMPROVADAS EM PESQUISAS

. Visão - acompanha, enxerga, focaliza e responde melhor a formas como rosto humano do que outras formas.

. Audição - identifica a voz da mãe. Responde melhor à voz humana do que a outros sons. Quando os pais falam ao seu lado eles viram a cabeça para fixar visualmente os vultos dos pais.

. Olfato - aos 6 dias de vida preferem o cheiro da mãe em vez do de outra mulher. Viram a cabeça, buscando fugir de odores incômodos.

. Paladar - mostra respostas diferentes quando exposto a diferentes sabores.

. Comportamento - os recém nascidos que recebem cuidados de uma pessoa só, mostram menos inquietação, desconforto e irritabilidade no seu comportamento do que os bebês cuidados por muitas pessoas.

RECOMENDAÇÕES PARA FAMILIARES E VISITANTES DE MÃES E RECÉM NASCIDOS

1º- Pense na mãe. Provavelmente ele está cansada, sem dormir. Pode estar com dores. Com certeza está preocupada em atender o recém-nascido antes de qualquer coisa.

2º- Pense no nenê. Ele ouve, enxerga; sente desconforto com vozes, sons e luzes que não conhece. Ele esta se adaptando a um mundo totalmente estranho. Muito estímulo pode atrapalhar a mamada, piorar a cólica, dificultar pegar no sono.

3º- Faça uma visita cronometrada.

4º- Veja o RN mas não fique no quarto dele. Vá conversar em outra sala.

5º- Não toque no nenê se não for preciso. Se for ajudar, lave as mãos antes de pegá-lo.

6º- Evite a visita no hospital. Ligue parabenizando os pais e deixe a visita para a casa, após a primeira semana.

7º- Se você ou seu filho estiverem com doença infecciosa ou com febre não devem visitar o RN.

8º- Se o bebê tiver um irmãozinho ou uma irmãzinha não se esqueça de agradá-lo e elogiá-lo tanto quanto o irmão que nasceu.

9º- Não atrapalhe o aleitamento materno. Deixe a sala se a mãe for amamentar. Estimule a mãe a amamentar. Lembre-se que é muito fácil mandar dar mamadeira mas é mais amigo ajudar a mãe ter sucesso no aleitamento materno.

10º- Sobre todos os costumes e convenções sociais devem ficar o bem-estar e saúde da mãe e recém-nascido.

Autor: Dr. Flávio Zenum - Pediatra
Artigo autorizado pelo site: www.aleitamento.com